O presidente Donald Trump disse, na noite de segunda-feira (20/01) não estar confiante que o cessar-fogo na Faixa de Gaza, que colocou uma trégua nas ofensivas militares de Israel contra o Hamas, possa ser duradouro e que todas as suas etapas serão concluídas.
“Não é nossa guerra. É a guerra deles. Não estou confiante”, afirmou ele ao responder um questionamento de repórteres sobre a manutenção do cessar-fogo.
A fala ocorreu enquanto o novo presidente norte-americano assinava ordens executivas no Salão Oval da Casa Branca após sua posse. Entre essas ordens, inclusive, estava a revogação das sanções contra colonos israelenses que ocupam ilegalmente áreas da Cisjordânia.
O acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas teve início no domingo (19/01) com a libertação de reféns em Gaza e de prisioneiros palestinos em Israel. A trégua foi conquistada com a participação de representantes de Trump, antes da sua posse. Mas a ala mais à direita do governo israelense deixou claro desde o início que não permitiria que fosse permanente.
Consegui-lo era uma das promessas de campanha, mas Trump não parece nada comprometido com que seja duradouro.
Ele se referiu a Gaza na segunda-feira à noite como “um enorme local de demolição” que terá que ser “reconstruído de maneira diferente”. Estimativas indicam que cerca de 70% da Faixa de Gaza foi reduzida a escombros após quase 15 meses de bombardeios diários.
Combates poderiam ser retomados em seis semanas
Questionado sobre se os Estados Unidos participariam da reconstrução do enclave palestino, o magnata disse que “sua localização é fenomenal”, com “o melhor clima”, ao longo do Mediterrâneo. “Coisas lindas poderiam ser feitas lá, coisas fantásticas”, acrescentou, dizendo que “talvez” ajudasse na reconstrução.
Mas destacou o mesmo que o governo israelense: que o enclave não poderá ser administrado pelo Hamas. “Eles não administraram bem o país e a maioria deles está morta”, justificou.

Gaza devastada por 15 meses de guerra; ataques seguem na Cisjordânia
O cessar-fogo está na primeira etapa que envolve a libertação de 33 reféns do Hamas e de centenas de prisioneiros palestinos, além da saída do Exército de Israel das áreas mais povoadas do enclave.
O ministro das Finanças israelense Bezalel Smotrich, de extrema direita, disse que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu lhe prometeu que os combates seriam retomados após o fim da primeira fase.
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Com isso, parentes de muitos dos reféns estão preocupados de que o plano encenado acabe libertando apenas alguns deles e que os outros fiquem à mercê de incertas negociações futuras. Em Gaza, a preocupação é que o genocídio seja retomado.
Trump quer ampliar os Acordos de Abraão
Também na segunda-feira, Trump reiterou sua convicção de que a ofensiva do Hamas de 7 de outubro não teriam ocorrido se ele fosse presidente porque estariam falidos com as sanções que ele imporia aos seus financiadores.
Além disso, disse acreditar que, até o final do ano, haverá um acordo para a normalização das relações entre Israel e Arábia Saudita.
Seu novo enviado ao Oriente Médio, Steve Witkoff, também prometeu expandir os Acordos de Abraão firmados durante o primeiro mandato de Trump (2016-2020) para “normalizar” as relações de Israel com outros países árabes.
Enquanto o cessar-fogo era mantido e 650 caminhões de ajuda humanitária entravam em Gaza – volume inédito há mais de um ano – Israel continuou atacando a Cisjordânia. Ao menos dois palestinos foram mortos e 25 ficaram feridos no campo de refugiados a oeste de Jenin.