Atualização em 14/02/2025 às 14h
Convocadas pela Frente Nacional pela Palestina, manifestações em todo o Brasil denunciaram, nesta quinta-feira (13/02), o recente plano de limpeza étnica na Faixa de Gaza anunciado pelo presidente norte-americano Donald Trump e endossado pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
Com atos em onze cidades brasileiras: São Paulo, Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba, Brasília, Maceió, Belém, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Ribeirão Preto e Santo Ângelo (RS), Soraya Misleh, coordenadora da Frente em Defesa do Povo Palestino em São Paulo, classificou o movimento como “uma grande articulação”.
“É uma vitória termos construído essa unidade de ação nacional em meio as diferenças, pela causa e pelo povo palestino, diante da situação de urgência, de vida ou morte para eles”, declarou a Opera Mundi.
Misleh detalha que nas cidades que têm consulados dos Estados Unidos, as manifestações ocorreram frente aos prédios que representam o governo norte-americano, e em Brasília, em frente à Embaixada de Washington.
A militante defende que este trabalho deve continuar ao lembrar que a Nakba palestina, também chamada de catástrofe do povo palestino, ocorrida há 76 anos derivou-se da formação do Estado de Israel em 1948, quando a população palestina foi forçada a deixar suas terras para o estabelecimento do país, o que Misleh chama de “limpeza étnica planejada”.
“Nesses últimos 15 meses [desde o início do genocídio, em 7 de outubro de 2023], Netanyahu, representante do projeto colonial sionista, está buscando a solução final [termo que refere-se ao plano nazista de genocídio dos judeus]. Agora as declarações de Trump são praticamente um sinal verde para que Israel alcance isso”, afirma.
Misleh considera assim “muito importante” as manifestações contra Trump e sua tentativa de expulsar os palestinos de suas terras. “Estamos dizendo em alto e bom som que nós não somos uma peça num tabuleiro do banco imobiliário de Trump ou do balcão de negócios dele, não somos moeda de troca, a Palestina não está à venda”, instou.
“Os palestinos mostram a sua firmeza, persistência e resiliência. Essa resistência não é uma escolha sobre a constante ameaça de apagamento do mapa. Não vamos ficar calados, vamos denunciar, vamos protestar e hoje foi uma amostra disso”, disse ainda.
Misleh categorizou a manifestação em São Paulo como “um ato muito lindo apesar de todo o aparato repressivo”. Ela refere-se à forte presença da Polícia Militar (PM) no local.
Segundo o Brasil de Fato, sete viaturas da PM estavam no local, além de dois carros da Polícia Civil. Uma policial civil estava vestida com o uniforme do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), que investiga crimes contra a vida.
Também foi relatado um tumulto quando os agentes de segurança abordaram Bruno Falko, integrante da Frente Palestina, que resistiu ao pedido de revista. Os policiais chegaram a pedir o IMEI do celular do ativista – uma espécie de documento de identidade para o dispositivo – do manifestante para verificar a origem do aparelho telefônico.
“Não importa se foram atos maiores ou menores, o importante é seguir entendendo que nós precisamos sim incomodar e dizer que não está tudo bem. Essa é uma luta justa. Nós estamos dizendo ‘não’. A Palestina não está à venda. A Palestina é dos palestinos. Trump tire as suas mãos da Palestina”, concluiu.
Veja manifestações em fotos

Ato em São Paulo, com presença de policiais militares

Manifestação em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul

Ato em Brasília, em frente à Embaixada dos EUA

Intervenção em Curitiba

Organização em Florianópolis, Santa Catarina

Manifestação em Belo Horizonte, Minas Gerais
(*) Com informações do Brasil de Fato