Em 13 meses de guerra na Faixa de Gaza, o território palestino viveu apenas uma trégua concluída entre Israel e o Hamas, há um ano, de 24 a 30 de novembro. Uma semana durante a qual cerca de 100 reféns israelenses foram libertados em troca de prisioneiros palestinos. Para os habitantes de Gaza, o período sem bombardeios se tornou uma lembrança distante.
Em 24 de novembro de 2023, os caças e drones israelenses abandonaram os céus de Gaza e o território ficou livre de bombardeios. “Esta trégua foi de sete dias de paz e segurança. De repente, não houve mais mortes, nem bombardeios. Mas não durou. Assim que esta trégua terminou, recebemos uma ordem de evacuação. Foi guerra novamente. Eu fui preso. Os soldados israelenses me humilharam”, testemunha Mustafa, jovem habitante de Gaza, que afirma ter sido preso e espancado sem motivo por militares de Israel e depois libertado. Hoje, “a vida em Gaza já não tem sentido”, diz.
“Deixem eles continuarem sua guerra se quiserem. Eles podiam simplesmente parar de nos mandar de um lugar para outro. Perdi toda a esperança. Coloque-se no nosso lugar. Já não temos o suficiente nem para fazer pão”, diz Mostafa. “E nenhum país árabe se atreve a pressionar Israel. O Egito, por exemplo, há uma cerca simples que nos separa deste país. E os nossos vizinhos egípcios são tão impotentes? Não conseguem nem mesmo nos enviar farinha ou pão amanhecido?”, pergunta.
“Não quero outra trégua. Quero um cessar-fogo permanente”, diz Abu Hadi, pai de Mostafa. “Mas eu estaria mentindo para você se dissesse que ainda tenho esperança. Com quem você quer que um cessar-fogo seja negociado? Eles mataram os líderes do Hamas, Sinwar e Haniyeh”, acrescenta.
Para ele, se as autoridades israelenses não concordaram com um cessar-fogo para libertar os seus próprios reféns, não será para salvar os habitantes de Gaza que vão aceitar uma trégua.
Novos deslocamentos
O Exército israelense lançou no domingo (24/11), novas ordens para que os moradores de Shuja’iyya, periferia leste da cidade de Gaza, deixem a área.
“Para sua segurança, vocês devem se retirar imediatamente para o sul”, ordenou o Exército, após mísseis serem lançados da região e reivindicados pelo Hamas. De acordo com o grupo palestino, o alvo era uma base militar israelense.
No centro da Faixa de Gaza, as autoridades sanitárias declararam que ao menos 11 palestinos morreram em ataques aéreos israelenses aos campos de Al-Maghazi e Al-Bureij que começaram na madrugada de domingo.
O Ministério da Saúde na Faixa de Gaza anunciou domingo um novo balanço de 44.211 mortos no território palestino desde o começo da guerra com Israel. Ao menos 35 pessoas morreram nas últimas 24 horas, indicou em um comunicado, e 104.567 ficaram feridas desde o começo do conflito.