Sexta-feira, 18 de abril de 2025
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Os bombardeios com que Israel quebrou a trégua em Gaza na madrugada de terça-feira (18/03) já mataram mais de 900 pessoas, incluindo 130 crianças, entre as quais diversos bebês. Isso significa que as crianças representam uma de cada três vítimas fatais dos ataques recentes.

É o maior número de mortes infantis em um só dia em todo o último ano de guerra, alerta o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). E as vítimas devem aumentar já que mais de 600 feridos não conseguem atendimento médico porque a maioria dos hospitais está destruída. Sem contar os que permanecem soterrados sob os escombros.

Os ataques continuaram pela noite, vitimando outros 14 palestinos em Rafah e Yunis, no sul do enclave.

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O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, garantiu que isso é “apenas o começo”. Segundo ele, a partir de agora, as negociações com o Hamas “só ocorrerão sob fogo”.

“O Hamas deve entender que as regras do jogo mudaram”, disse Israel Katz, ministro da defesa israelense, durante uma visita a uma base militar. Ele insistiu na libertação dos reféns sem que Tel Aviv cumpra com a sua parte na segunda etapa do acordo. “Os portões do inferno se abrirão e o Hamas enfrentará todo o poder das forças de Israel no ar, no mar e em terra”, ameaçou.

A diretora executiva da UNICEF, Catherine Russell, denunciou que o alto número de crianças mortas (e de mulheres) não é casual porque “alguns ataques atingiram abrigos temporários onde crianças e famílias dormiam”.

Os principais alvos dos bombardeios foram acampamentos, escolas e abrigos no sul do enclave, área supostamente mais segura.

Um terço das vítimas mortas de Israel na guerra foram crianças
IRNA/Fotos Públicas
Os ataques israelenses de terça-feira vitimaram 130 crianças

UNICEF apela para a volta imediata da ajuda humanitária

Russell lembrou ainda que as bombas não são as únicas ameaças que as crianças enfrentam em Gaza. Depois de 18 dias de bloqueio à entrada de ajuda humanitária por Israel, alimentos, medicinas e outros gêneros de primeira necessidade começam a acabar, trazendo de volta a fome, como denunciou a própria UNICEF há poucos dias.

Como Israel também cortou o fornecimento de energia elétrica, a principal usina de dessalinização está parada, reduzindo a quantidade de água potável.

A UNICEF pediu o restabelecimento imediato do cessar-fogo e apelou aos países “com influência para que o utilizem para garantir que a situação não se deteriore ainda mais”.

“Todas as partes devem respeitar o direito internacional humanitário, permitindo o fornecimento imediato de ajuda humanitária, a proteção de civis e a libertação de todos os reféns”, frisou Russell.

Muitos avaliam que Netanyahu retomou os ataques apenas para se manter no poder. De momento, a volta da guerra já possibilitou o retorno do líder de extrema direita Itamar Ben-Gvir como Ministro da Segurança Nacional. Ele havia abandonado o governo de coalizão por discordar do cessar-fogo. E Netanyahu, que responde a acusações de corrupção, foi autorizado nesta terça-feira a não comparecer a uma audiência “devido à retomada da guerra”.