Quarta-feira, 14 de maio de 2025
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União Europeia (UE), França, Itália, Espanha, China, Indonésia e Irlanda classificaram de inaceitável e de “grave violação do direito internacional” os ataques de Israel contra posições da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Finil), instaladas no sul do país.

Na manhã desta sexta-feira (11/10), Israel voltou a atacar instalações das Forças de Paz da ONU no Líbano, desta vez o alvo foi um posto no sul do país. Na quinta-feira (10/10), o Exército sionista já havia disparado repetidas vezes contra instalações da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil, sigla em inglês), ferindo dois soldados que continuam hospitalizados.

A porta-voz da Unifil, Andréa Tenenti, disse à emissora catari Al Jazeera que Israel havia pedido que eles deslocassem suas forças instaladas perto da fronteira, mas, segundo ela, a organização decidiu ficar no local “porque é importante que a bandeira da ONU esteja hasteada no sul do Líbano”.

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“É um ato inadmissível, qualquer ataque deliberado às Forças de Paz é uma violação grave do direito internacional humanitário e da Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU. Israel tem a obrigação de respeitar ambos”, disse o chefe de política externa da UE, Josep Borrel. “É necessária a responsabilização”, acrescentou.

O porta-voz da chancelaria chinesa, Mao NIng, disse que Pequim expressou “grave preocupação e forte condenação” ao ataque militar israelense às posições e postos de observação da Unifil, repudiando que o resultado tenha deixado “ferimentos” aos soldados.

Italian Army / Wikimedia
Forças de paz da ONU no sul do Líbano já estavam com ação restringida desde a invasão israelense

Por sua vez, os governos da França e Espanha também emitiram comunicados classificando o ato de “grave violação do direito internacional”. Já o ministro da Defesa da Itália, Guido Crosseto, disse que o episódio “poderia constituir um crime de guerra” e que havia convocado o embaixador israelense para exigir explicações.

Mais incisiva foi a Turquia, que incluiu críticas às comunidade internacional. “O ataque de Israel às forças da ONU após seus massacres contra civis em Gaza, Cisjordânia e Líbano, é uma manifestação de sua percepção de que seus crimes ficam impunes”, disse o Ministério de Relações Exteriores turco. “A comunidade internacional é obrigada a garantir que Israel cumpra com o direito internacional” , conclui.

Estados Unidos e o Canadá, aliados de Israel, foram mais brandos. A Casa Branca se disse “profundamente preocupada” com o episódio, mas destacou entender que “as operações de Israel no sul do Líbano visam destruir as infraestruturas do Hezbollah que ameaçam seus cidadãos”.

O Estado canadense pediu a “proteção” aos soldados da paz e trabalhadores humanitários e que “todas as partes cumpram o direito internacional”.

O governo do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu limitou-se a informar, através do seu embaixador na ONU, Danny Danon, que suas tropas abriram fogo depois de solicitar que as forças da ONU se realocassem cinco quilômetros.

HRW pede inquérito

A Human Rights Watch (HRW) solicitou que a ONU abra um inquérito sobre os ataques por constituem uma violação das leis da guerra, já que os agentes da entidade internacional, mesmo os armados, são civis. A organização humanitária também solicitou que as Nações Unidas “estabeleçam urgentemente” uma investigação internacional no Líbano e em Israel e que seus resultados sejam tornados públicos.

“Com mais de 2 mil pessoas mortas e mais de um milhão de pessoas deslocadas no Líbano apenas no último mês, é crucial que a Unifil tenha permissão para cumprir suas funções humanitárias e de proteção civil”, disse Lama Fakih, diretor para Oriente Médio e norte da África da Human Rights Watch.

O papel da Unifil

A força de paz da ONU está no sul do Líbano desde 1978. Foi enviada para confirmar a retirada de Israel e garantir que grupos armados não pudessem usar a área para atacar o território israelense.

Desde 2006 foi incumbida pela resolução 1702 da ONU de ajudar o Exército libanês a manter sua área de fronteira sul com Israel livre de armas ou pessoal armado que não sejam do Líbano. A Unifil também desempenha um papel de facilitar o acesso de ajuda humanitária ao sul libanês, missão que exerce até hoje.

Atualmente mantém mais de 10.400 soldados da paz no sul do Líbano, mas seus movimentos ficaram severamente restringidos desde que as tropas israelenses invadiram a região.