Terça-feira, 22 de abril de 2025
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A alta representante da União Europeia para a Política Externa, Kaja Kallas, declarou nesta segunda-feira (24/03) que embora Israel “tenha o direito de se defender contra ataques terroristas”, suas forças “têm que responder de modo proporcional”.

Segundo a representante europeia, o governo de Benjamin Netanyahu “tem o direito de se defender contra ataques terroristas vindos do Hamas, dos Houthis ou do Hezbollah, mas as ações militares devem ser proporcionais”, além disso, “os ataques israelenses na Síria e no Líbano correm o risco de provocar uma nova escalada” de violência.

A declaração de Kallas ocorreu ao lado do ministro das Relações Exteriores israelense, Gideon Saar, que a recebeu durante uma visita a Jerusalém para discutir os confrontos na região.

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“Somos testemunhas de uma escalada perigosa, que cria uma incerteza insustentável para os reféns [israelenses] e suas famílias, ao mesmo tempo que gera horror e morte entre os palestinos”, disse Kallas sobre o fim da trégua entre Hamas e Israel, que voltou a atacar a Faixa de Gaza na última semana após dois meses de cessar-fogo e já deixou centenas de mortos.

Para Kallas, é fundamental que as negociações para um cessar-fogo retornem à região, já que um acordo “é o único modo viável de acabar com o sofrimento de todos os lados”.

“A UE acolhe de modo favorável o plano do Egito para a reconstrução de Gaza. O bloco também não vê nenhum papel para o Hamas no novo governo palestino”, reforçou a europeia.

Já Saar, que afirmou “ser natural” que seu país espere receber apoio da UE nos conflitos em curso contra o “terrorismo islâmico”.

“Irã, Houthis, Hamas e Hezbollah nos atacam porque somos vizinhos. Mas não se iludam, a guerra é contra a civilização ocidental, contra seus valores e estilo de vida”, disse o ministro, acrescentando que os israelenses “ainda não decidiram se irão impor um governo militar em Gaza”.

European Parliament/Wikicommons
Por meio da Kallas, UE também colheu planto egípcio para reconstrução de Gaza

Israel rebate papa

Além das declarações de Saar, Israel respondeu também nesta segunda-feira (24/03) às críticas do papa Francisco à retomada dos bombardeios na Faixa de Gaza e assegurou que os ataques buscam “reduzir ao mínimo os danos aos civis”.

“A operação israelense é conduzida em plena conformidade com o direito internacional. Enquanto o Hamas atinge civis deliberadamente, Israel adota medidas extraordinárias para reduzir ao mínimo os danos a civis”, diz uma nota divulgada pela embaixada do país na Santa Sé.

Apesar da afirmação de Tel Aviv, a Organização das Nações Unidas já revelou que mais de 70% das vítimas em Gaza são mulheres e crianças. Além disso, Israel desrespeita a ordenação da Convenção de Genocídio, a qual faz parte, para que evite atos de limpeza étnica do povo palestino em meio a sua guerra contra o Hamas.

No texto de seu Angelus, tradição oração católica, do último domingo (23/03), o Papa se disse “entristecido” com o “recomeço dos intensos bombardeios israelenses na Faixa de Gaza, com tantos mortos e feridos”, e pediu “coragem para retomar o diálogo” em prol da libertação dos reféns e de um cessar-fogo definitivo.

“Na Faixa de Gaza, a situação humanitária é novamente muito grave e exige um empenho urgente das partes beligerantes e da comunidade internacional”, afirmou Francisco.

Já Israel culpou a falta de progressos nas negociações para a soltura dos reféns pela retomada do conflito e acusou o Hamas de ter utilizado a trégua que vigorou no enclave por dois meses para “reconstruir seu arsenal militar”. “59 reféns ainda são mantidos em Gaza em condições desumanas e sofrendo abusos físicos e psicológicos. O Estado de Israel acredita que seja seu dever moral e ético trazê-los para casa”, acrescenta a nota da embaixada na Santa Sé.

“Israel continua determinado a alcançar seus objetivos: garantir a libertação de todos os reféns, desmantelar as capacidades de governo e militares do Hamas e remover a ameaça terrorista da Faixa de Gaza para impedir outro 7 de outubro”, conclui o comunicado.

(*) Com Ansa