União Europeia diz que Israel deve responder a ataques ‘de modo proporcional’
Em Jerusalém, alta representante do bloco para Política Externa, Kaja Kallas, afirmou que ‘escalada’ de violência gera incerteza sobre reféns e ‘horror e morte’ entre palestinos
A alta representante da União Europeia para a Política Externa, Kaja Kallas, declarou nesta segunda-feira (24/03) que embora Israel “tenha o direito de se defender contra ataques terroristas”, suas forças “têm que responder de modo proporcional”.
Segundo a representante europeia, o governo de Benjamin Netanyahu “tem o direito de se defender contra ataques terroristas vindos do Hamas, dos Houthis ou do Hezbollah, mas as ações militares devem ser proporcionais”, além disso, “os ataques israelenses na Síria e no Líbano correm o risco de provocar uma nova escalada” de violência.
My message in Israel today: in a new war, both sides lose.
Hamas must release all hostages and Israel must fully reinstate humanitarian aid into Gaza.
Negotiations must resume.
Press conference with @gidonsaar ↓ https://t.co/n1WqSTQUAv
— Kaja Kallas (@kajakallas) March 24, 2025
A declaração de Kallas ocorreu ao lado do ministro das Relações Exteriores israelense, Gideon Saar, que a recebeu durante uma visita a Jerusalém para discutir os confrontos na região.
“Somos testemunhas de uma escalada perigosa, que cria uma incerteza insustentável para os reféns [israelenses] e suas famílias, ao mesmo tempo que gera horror e morte entre os palestinos”, disse Kallas sobre o fim da trégua entre Hamas e Israel, que voltou a atacar a Faixa de Gaza na última semana após dois meses de cessar-fogo e já deixou centenas de mortos.
Para Kallas, é fundamental que as negociações para um cessar-fogo retornem à região, já que um acordo “é o único modo viável de acabar com o sofrimento de todos os lados”.
“A UE acolhe de modo favorável o plano do Egito para a reconstrução de Gaza. O bloco também não vê nenhum papel para o Hamas no novo governo palestino”, reforçou a europeia.
Já Saar, que afirmou “ser natural” que seu país espere receber apoio da UE nos conflitos em curso contra o “terrorismo islâmico”.
“Irã, Houthis, Hamas e Hezbollah nos atacam porque somos vizinhos. Mas não se iludam, a guerra é contra a civilização ocidental, contra seus valores e estilo de vida”, disse o ministro, acrescentando que os israelenses “ainda não decidiram se irão impor um governo militar em Gaza”.

Por meio da Kallas, UE também colheu planto egípcio para reconstrução de Gaza
Israel rebate papa
Além das declarações de Saar, Israel respondeu também nesta segunda-feira (24/03) às críticas do papa Francisco à retomada dos bombardeios na Faixa de Gaza e assegurou que os ataques buscam “reduzir ao mínimo os danos aos civis”.
“A operação israelense é conduzida em plena conformidade com o direito internacional. Enquanto o Hamas atinge civis deliberadamente, Israel adota medidas extraordinárias para reduzir ao mínimo os danos a civis”, diz uma nota divulgada pela embaixada do país na Santa Sé.
Apesar da afirmação de Tel Aviv, a Organização das Nações Unidas já revelou que mais de 70% das vítimas em Gaza são mulheres e crianças. Além disso, Israel desrespeita a ordenação da Convenção de Genocídio, a qual faz parte, para que evite atos de limpeza étnica do povo palestino em meio a sua guerra contra o Hamas.
No texto de seu Angelus, tradição oração católica, do último domingo (23/03), o Papa se disse “entristecido” com o “recomeço dos intensos bombardeios israelenses na Faixa de Gaza, com tantos mortos e feridos”, e pediu “coragem para retomar o diálogo” em prol da libertação dos reféns e de um cessar-fogo definitivo.
“Na Faixa de Gaza, a situação humanitária é novamente muito grave e exige um empenho urgente das partes beligerantes e da comunidade internacional”, afirmou Francisco.
Já Israel culpou a falta de progressos nas negociações para a soltura dos reféns pela retomada do conflito e acusou o Hamas de ter utilizado a trégua que vigorou no enclave por dois meses para “reconstruir seu arsenal militar”. “59 reféns ainda são mantidos em Gaza em condições desumanas e sofrendo abusos físicos e psicológicos. O Estado de Israel acredita que seja seu dever moral e ético trazê-los para casa”, acrescenta a nota da embaixada na Santa Sé.
“Israel continua determinado a alcançar seus objetivos: garantir a libertação de todos os reféns, desmantelar as capacidades de governo e militares do Hamas e remover a ameaça terrorista da Faixa de Gaza para impedir outro 7 de outubro”, conclui o comunicado.
(*) Com Ansa
