O Coletivo Vozes Judaicas por Libertação emitiu, na última quinta-feira (21/11) uma nota de solidariedade aos professores da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Reginaldo Nasser e Bruno Huberman, alvos de denúncias por suposto antissemitismo por um grupo de estudantes sionistas.
“Não nos choca que um grupo de orientação sionista instrumentalize acusações de antissemitismo para perseguir àqueles que se manifestam contra o genocídio que ocorre na Palestina, já que essa é uma tática bastante comum para fins de silenciar críticas ao Estado de Israel e suas políticas”, afirma a nota publicada nas redes sociais do coletivo.
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Contudo, a organização expressou preocupação com a denúncia sofrida por Nasser e Huberman, que é integrante do coletivo, em especial porque o ato causa “proposital confusão da definição de antissemitismo”.
A fala do grupo decorre da frequente confusão entre dois termos: antissemitismo e antissionismo. Enquanto o primeiro se refere à discriminação contra a etnia judaica, que historicamente resultou em crimes contra a humanidade, como o Holocausto, o segundo diz respeito ao repúdio à ideologia política que defende a superioridade do Estado de Israel, sem estar relacionado à religião ou ao povo judeu em si.
“O sionismo não é igual ao judaísmo, ao contrário do que as entidades sionistas e o estado de Israel querem fazer crer. O sionismo é apenas uma corrente político-ideológica surgida no final do século XIX e que, a partir da metade do século XX, se constituiu na corrente majoritária entre os judeus, particularmente no que era a Palestina. Essa corrente tem dois princípios fundamentais: a criação de um estado étnico, que é o estado judeu, o estado de Israel, um estado étnico de supremacia racial; e que esse estado fosse construído na Palestina, terra ancestral dos judeus”, diferencia o jornalista e fundador de Opera Mundi, Breno Altman.
O grupo ainda manifestou seu incômodo diante da censura no meio acadêmico, “onde perseguições como essa têm ocorrido cada vez mais frequentemente”.
“Manifestamos, portanto, nosso repúdio a essa acusação e o nosso apoio aos dois professores, historicamente comprometidos com a luta por direitos humanos e pela libertação Palestina através da educação e do debate reflexivo e democrático”, finalizou a nota.
Denúncia por suposto antissemitismo
Ambos docentes de Relações Internacionais da instituição, Nasser e Huberman foram comunicados da denúncia na terça-feira (19/11) quando receberam a solicitação do Setor de Ética e Integridade da Fundação São Paulo (Fundasp), mantenedora da PUC-SP, para reunião a respeito de acusação de antissemitismo por parte de alguns alunos.
Nasser confirmou a Opera Mundi que recebeu a denúncia, mas disse que pediu maiores esclarecimentos ao setor, pois “não detalharam, apenas falaram que é antissemitismo e pronto”.
“Fizeram uma convocação por telefone e eu solicitei que ela fosse encaminhada por e-mail. Marcaram uma reunião sem informar do que se tratava”, afirmou o docente, apontando que a convocatória veio do setor sem antes passar pela reitoria da universidade.
Opera Mundi entrou em contato com a PUC-SP e buscou uma posição das Fundasp. Porém, até o fechamento desta reportagem, não obteve retorno. O espaço segue aberto para manifestação.
(*) Com Revista Fórum