Terça-feira, 10 de junho de 2025
APOIE
Menu

O Papa Leão XIV fez nesta quarta-feira (21/05) um apelo veemente pelo fim imediato dos ataques de Israel em Gaza e pela retomada da entrada de ajuda humanitária no território palestino.

Durante sua audiência semanal na Praça de São Pedro, o pontífice descreveu a situação como “ainda mais preocupante e triste”. “Renovo meu apelo para permitir a entrada de ajuda humanitária justa e pôr fim às hostilidades, cujo alto preço é pago pelas crianças, pelos idosos e pelos doentes”.

As palavras do Papa se somam a críticas crescentes à condução da guerra por parte de Israel, inclusive dentro do próprio país.

Receba em primeira mão as notícias e análises de Opera Mundi no seu WhatsApp!
Inscreva-se

Em entrevista à BBC, o ex-primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert afirmou que as ações israelenses em Gaza estão “muito próximas de um crime de guerra”.

Ele acusa o governo de Benjamin Netanyahu de promover uma campanha militar “sem propósito”, que tem matado indiscriminadamente civis e minado qualquer possibilidade de resolução com significado.

“É odioso e ultrajante. A evidência óbvia é de que estamos matando muitos palestinos”, declarou Olmert.

Ex-primeiro-ministro israelense Ehud Olmert acusa ‘guerra sem propósito’ de Netanyahu
Jaber Jehad Badwan / Wikipedia Commons

‘Nação pária’

Yair Golan, ex-vice-chefe do gabinete militar e atual líder do partido Democratas de centro-esquerda também se manifestou. Ele acusou o governo Netanyahu de transformar Israel em uma “nação pária”.

“Estamos nos tornando um país que mata bebês como hobby. Um país são não combate civis, não tem como meta a expulsão de uma população”, disse em entrevista à rádio Reshet Bet, comparando o atual isolamento israelense ao regime do apartheid na África do Sul.

Golan afirmou que a guerra legítima iniciada após os ataques do Hamas em outubro se transformou em uma campanha “corrupta e brutal”.

A repressão a críticas se intensifica dentro de Israel. Ativistas anti-guerra foram presos após protestarem pacificamente perto da fronteira com Gaza.

Alguns seguravam fotos de crianças palestinas mortas em ataques aéreos israelenses. Detidos durante a noite, eles foram liberados sob prisão domiciliar, informa The Guardian.

O grupo palestino-israelense Standing Together, que organizou o ato, denunciou um “padrão duplo” no uso da força, apontando que colonos extremistas seguem impunes enquanto ativistas pacíficos são criminalizados.

Outras manifestações

Diante do agravamento da crise, o governo britânico anunciou nesta terça-feira (20/05) a suspensão das negociações de um acordo de livre comércio com Israel, em protesto contra o bloqueio humanitário.

O secretário de Relações Exteriores, David Lammy, afirmou que as ações do governo Netanyahu “são uma afronta aos valores do povo britânico” e precisam ser revistas.

O ex-primeiro ministro francês, Dominique de Villepin, também se pronunciou. Nesta terça-feira (20/05), ele afirmou à emissora Franceinfo que “após a reocupação, a segunda etapa será a deportação”, afirmando temer uma “depuração étnica” e “limpeza territorial”.

“Se quiserem parar o que está acontecendo hoje, é preciso deixar claro para Israel que haverá um antes e um depois” da guerra na Faixa de Gaza, frisou.

Enquanto isso, as forças israelenses continuam bombardeando Gaza, matando pelo menos 42 pessoas desde o amanhecer, informa a Al Jazeera.