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Guerra na Ucrânia

Rússia e Ocidente aumentam o tom de guerra na Ucrânia

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Moscou busca definir estratégia para garantir êxito no conflito e EUA montam aliança sem precedentes para armar Ucrânia

Serguei Monin

Brasil de Fato Brasil de Fato

Rio de Janeiro (Brasil)
2022-04-29T18:30:00.000Z

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O Secretário-geral da ONU, António Gutérres, se reuniu na última terça-feira (26/04) com o presidente russo, Vladimir Putin, e, na quinta-feira (28/04), com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. Enquanto as Nações Unidas buscam uma solução diplomática para a guerra na Ucrânia, Rússia e Ocidente elevam o tom das ameaças.

Durante a reunião com Putin, Gutérres reiterou que o conflito representa uma violação da Carta da ONU e deve terminar o mais rápido possível. “Estou  preocupado com os repetidos relatos de violações de leis humanitárias e de direitos humanos internacionais e possivelmente crimes de guerra, e eles  exigem uma investigação independente para uma responsabilização efetiva. E precisamos com urgência de corredores humanitários realmente seguros e efetivos, e que sejam respeitados por todos na evacuação de civis e na distribuição da assistência tão necessitada”, afirmou.

Classificando o encontro com Putin como “muito útil”, o líder das ONU destacou que a guerra “não terminará com reuniões”. Segundo ele, o conflito terá um fim “quando a Federação Russa decidir encerrá-la” e for adotado um cessar-fogo seguido de um acordo político sério.

O cientista político Pavel Usov, em entrevista ao Brasil de Fato, destaca que a reunião entre Gutérres e Putin foi uma iniciativa unilateral do secretário-geral da ONU, no âmbito da sua missão de buscar esforços de paz. De acordo com o analista, o líder das Nações Unidas é “mais um entre outros que tentaram sem sucesso convencer Putin” a repensar a sua investida contra a Ucrânia.

Enquanto a ONU busca uma saída diplomática para o conflito na Ucrânia e a guerra ultrapassa a marca de dois meses, as autoridades militares russas afirmam ter iniciado a “segunda fase” da operação militar, concentrando os objetivos desta etapa no “estabelecimento do controle total sobre Donbass e do sul da Ucrânia”.

Foi como esta etapa da operação russa foi definida pelo Comandante do distrito militar central da Rússia, general Rustam Minnekaev, em 22 de abril, sendo a primeira vez que os objetivos da segunda fase da operação russa foram explicitados de maneira mais concreta por alguma autoridade de alto escalão.

Ao Brasil de Fato, o cientista político Aleksander Asafov avalia que os objetivos de Moscou em relação à operação militar na Ucrânia não mudaram. De acordo com ele, dentro do escopo das metas mais amplas da “desmilitarização e desnazificação” da Ucrânia, agora o objetivo seria a “eliminação dos agrupamentos das Forças Armadas da Ucrânia em Donbass e dos grupos nazistas ilegais”.

Ao anunciar as metas da operação russa, o general Rustam Minnekaev afirmou que o controle sobre as regiões de Donetsk e Lugansk permitirão “estabelecer um corredor terrestre de acesso à Crimeia, além de afetar estruturas vitais da economia ucraniana”.

“Aparentemente, estamos agora em guerra com o mundo inteiro, como foi durante a Grande Guerra Patriótica [como os russos chamam a Segunda Guerra Mundial], toda a Europa, todo o mundo estava contra a gente. E agora é a mesma coisa, eles nunca gostaram da Rússia”, frisou Minnekaev.

As declarações do general russo, detalhando especificidades das metas da operação russa, causaram controvérsia sobre as diretrizes do Kremlin em relação a esta nova fase do conflito, na medida em que tais detalhes não foram reiterados pela presidência russa ou por oficiais de alto escalão da chancelaria.

Pavel Usov observa que o anúncio de uma segunda fase da operação militar está relacionado com o fracasso da estratégia russa de realizar uma guerra relâmpago e garantir uma vitória rápida nas primeiras semanas da invasão. Para ele, a Rússia não conseguiu alcançar nenhum sucesso militar diante da resistência ucraniana e enfrenta muitas perdas humanas e de equipamento militar.

Com o prolongamento do conflito, em paralelo com a grande perda de recursos e o isolamento da Rússia devido às sanções da comunidade internacional, a Rússia teria concentrado suas forças sobre a região de Donbass em uma tentativa de assegurar alguns êxitos militares, sobretudo com a proximidade do Dia da Vitória, em 9 de maio, importante feriado na Rússia que marca a vitória das forças soviéticas contra o Nazismo na Segunda Guerra Mundial.

Stephani Barge/Departamento de Defesa dos EUA
Embarque de armas dos EUA com destino à Ucrânia

De acordo com o analista, a data deve ser usada politicamente por Vladimir Putin como uma forma de mostrar que a operação militar russa na Ucrânia obteve êxitos e não foi representou um fracasso. Por isso, a investida sobre Donbass e o recuo dos arredores de Kiev seriam uma manobra para garantir algum êxito na guerra a tempo.

Anexação à vista?

Na última quarta-feira (27/04), foi noticiado que fontes próximas à administração presidencial russa, citadas pelo portal Meduza, teriam informado que o anunciado objetivo de estabelecer “total controle” sobre as regiões das autoproclamadas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk prevê a realização de um referendo nas regiões separatistas sobre a possível integração à Federação Russa.

Além disso, segundo as fontes, a região ucraniana de Kherson, ocupada hoje pelas tropas russas, anunciaria sua independência do governo de Kiev.

De acordo com a reportagem do portal Meduza – classificado pelo governo russo como “agente estrangeiro”, junto com uma série de mídias  independentes do país -, duas das fontes do Kremlin chegaram a nomear as possíveis datas para a realização dos referendos, que poderiam acontecer nos dias 14 e 15 de maio.

Em março deste ano, o chefe da República Popular de Donetsk, Denis Pushilin, e o chefe de Lugansk, Leonid Pasechnik, declararam que referendos de integração à Federação Russa realmente estavam sendo planejados, mas aconteceriam apenas após o fim da guerra.

O cientista Pavel Usov destaca que mesmo que Moscou consiga estabelecer o controle sobre a região de Donbass, as negociações para um acordo de paz não deve ser frutíferas considerando a indisposição das partes de chegar a concessões reais para garantir o fim do conflito.

Segundo o analista, durante as negociações de paz russo-ucranianas, Kiev teria demonstrado inclinações para deixar a questão da Crimeia para resolver no futuro, mas não estaria disposta a entregar o controle de mais territórios ucranianos ao poder de Moscou. Assim, um êxito militar na região de Donbass por parte da Rússia não seria suficiente para que as partes alcancem compromissos em comum para pôr fim ao conflito militar.

O cientista político Aleksander Asafov, por sua vez, acredita que uma significativa parcela de culpa da continuidade da guerra está nos ombros do Ocidente, que continua a enviar armamento para a Ucrânia.

“Sem dúvida a Rússia está pronta para discutir seus objetivos nas negociações de paz, mas o lado ucraniano não. Com a pressão dos norte- americanos, infelizmente eles levaram as negociações a um beco sem saída”, destaca.

Os EUA, em conjunto com mais de 40 países aliados, anunciaram apoio à Ucrânia através do envio de armamentos pesados ao país, há inclusive uma mudança de posição da Alemanha, que confirmou que enviará 50 tanques antiaéreos à Ucrânia. “A Ucrânia acredita que claramente pode vencer, assim como todo mundo aqui. Vamos continuar movendo montanhas para poder satisfazer [os anseios de Kiev]”, afirmou o secretário de Defesa dos EUA, Loyd Austin.

A iniciativa sem precedentes do apoio bélico à Ucrânia levou a uma dura resposta da Rússia. Em encontro com parlamentares russos, o presidente Vladimir Putin afirmou: “Se alguém tentar intervir de fora nos eventos atuais e criar ameaças de caráter estratégico inaceitáveis para nós, deve saber que nossa resposta será imediata”.

O analista Aleksander Asafov observa que os representantes dos EUA que visitaram Kiev nos últimos dias, “nem chegaram a falar sobre negociações de paz, falaram somente sobre o fornecimento de armas e ações necessárias de combate contra as forças armadas da Rússia”. “Então seu objetivo é lutar contra a Rússia até o último soldado ucraniano, isso fica claro pelas suas declarações”, completa.

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Política e Economia

Organizações da Sociedade Civil tiveram direitos violados no governo Bolsonaro, diz associação

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Pesquisa feita com 135 organizações sociais de todas as regiões do país foi apresentada no Fórum Político de Alto Nível da ONU

Redação Opera Mundi

São Paulo (Brasil)
2022-07-05T21:50:00.000Z

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A Associação Brasileira de ONGs afirmou, por meio de uma pesquisa divulgada nesta terça-feira (05/07) no Fórum Político de Alto Nível da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, que as Organizações da Sociedade Civil (OSCs) foram submetidas a violações sistemáticas de direitos pelo Estado brasileiro no período entre 2019 e 2021.

O estudo, intitulado Criminalização Burocrática, foi feito a partir do levantamento do perfil de 135 organizações sociais de todas as regiões do Brasil, combinando abordagens qualitativa e quantitativa, incluindo ainda grupos focais e entrevistas entre dezembro de 2021 e fevereiro de 2022. Para conferir o relatório completo, clique aqui. 

“Desde o início do governo de Jair Bolsonaro, o que se observa é um aumento de desconfiança sobre o campo da sociedade civil organizada. Há uma escalada nas tentativas de criminalização das OSCs, com projetos de lei e outras medidas legais destinadas ao controle e restrição do espaço de atuação dessas organizações”, apontam os pesquisadores da pesquisa. 

Segundo a Abong, as organizações têm sido alvo de uma “série de ataques” por meio de medidas em âmbito administrativo que “visam dificultar a captação de recursos, impor pagamentos indevidos e, de forma geral, inviabilizar o trabalho das entidades”. 

Flickr
Segundo a Abong, as organizações têm sido alvo de uma “série de ataques” por meio de medidas em âmbito administrativo

“As informações também apontam que as OSCs têm sofrido, com o governo federal como agente, crimes de calúnia, difamação ou injúria, todos previstos no Código Penal”, diz a associação.

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