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Guerra na Ucrânia

Finlândia anuncia oficialmente pedido de adesão à Otan

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Com 1,3 mil quilômetros de fronteira com a Rússia, país quebra tradição de não alinhamento militar após Guerra da Ucrânia; Helsinque diz que decisão visa garantir segurança

Redação

Deutsche Welle Deutsche Welle

Bonn (Alemanha)
2022-05-15T14:18:00.000Z

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A Finlândia anunciou oficialmente neste domingo (15/05) que pretende solicitar a adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), numa mudança política histórica provocada pela invasão da Ucrânia pela Rússia. O pedido para fazer parte da aliança militar já havia sido sinalizado anteriormente pelo país, que tem uma longa tradição de não alinhamento.

"Este é um dia histórico. Uma nova era começou", afirmou o presidente finlandês, Sauli Niinistö, ao anunciar formalmente à intenção de candidatura do país numa coletiva de imprensa ao lado da primeira-ministra Sanna Marin.

Niinistö disse que a adesão da Finlândia à Otan "é uma prova de poder da democracia" e lembrou que essa decisão tem o aval da maioria dos cidadãos, dos partidos políticos e do parlamento. O pedido, porém, ainda não foi aprovado pelos deputados finlandeses, que devem fazê-lo nos próximos dias. Depois de aprovado, o pedido formal será submetido à sede da aliança, em Bruxelas.

"A Finlândia vai maximizar a sua segurança e isso não representa um perigo para ninguém", afirmou Niinistö, numa alusão à vizinha Rússia, que encara a adesão deste país nórdico à Otan como uma ameaça.

Moscou fala em erro

Moscou, que compartilha 1,3 mil quilômetros de fronteira com a Finlândia, disse que seria um erro se Helsinque aderisse à aliança militar, composta por 30 membros, e afirmou que essa decisão prejudicaria as relações bilaterais entre os dois países. Em meio a preocupações de segurança e apoio popular, a Suécia deve seguir o exemplo finlandês e se unir à Otan.

O anúncio ocorreu depois de Niinistö e Marin terem declarado na quinta-feira que eram a favor da entrada do país na Otan. Niinistö disse que ligou para o presidente russo, Vladimir Putin, no sábado para contar dos planos.

Heikki Saukkomaa/Lehtikuva/dpa/picture alliance
Pedido foi anunciado por primeira-ministra Sanna Marin e presidente Sauli Niinistö

Até a Rússia invadir a Ucrânia, em 24 de fevereiro deste ano, o país nórdico, no entanto, se recusava a ingressar na aliança militar para manter relações amistosas com o vizinho oriental.

O não alinhamento militar agradou a população finlandesa por muito tempo, como forma de não se envolver em conflitos, mas a opinião pública sobre a Otan mudou rapidamente desde que a Rússia iniciou o que chama de "operação militar especial" na Ucrânia.

Para fazer parte da Otan, a Finlândia e a Suécia precisam do aval dos 30 membros da aliança. A Turquia, no entanto, levantou objeções à adesão dos dois países e pode vetar os pedidos.

O presidente finlandês afirmou que está disposto a conversar com seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, e disse estar confuso com a mudança de postura turca. "O que precisamos agora é de uma resposta muita clara", acrescentou.

Dúvida sobre Turquia

Erdogan se manifestou desfavorável à entrada da Finlândia e da Suécia na aliança, alegando que os dois países acolheram militantes curdos que a Turquia considera terroristas. Um dia depois, o país, porém, ressaltou que Ancara "não fecha a porta" à adesão das nações nórdicas na Otan.

A entrada de um novo Estado-membro na Otan requer unanimidade, o que significa que a Turquia poderá bloquear a adesão dos dois países escandinavos, cujas candidaturas deverão ser formalizadas nos próximos dias.

Após a eclosão da guerra na Ucrânia, a Finlândia e a Suécia iniciaram um debate sobre a adesão à Otan, abandonando assim o histórico posicionamento dos dois países de não-alinhamento militar. Além dos 1,3 mil quilômetros de fronteira terrestre com a Finlândia, a Rússia compartilha uma fronteira marítima com a Suécia.

Política e Economia

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Análise

Patentes na OMC é uma derrota para os países do Sul Global

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Pandemia de covid-19 reativou a debate sobre a quebra de patentes para medicamentos e vacinas. Apesar de sua união em torno do tema, países subdesenvolvidos sofreram uma derrota

Alessandra Monterastelli

Outras Palavras Outras Palavras

2022-07-06T22:35:00.000Z

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No dia 17 de junho, saiu fumaça branca das chaminés da Organização Mundial do Comércio (OMC). A entidade, responsável pela regulação de patentes internacionais, anunciou que chegara a uma conclusão sobre as vacinas contra o coronavírus. Tratava-se do pedido de isenção do acordo TRIPS – sigla em inglês para Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio. Firmado na virada do século, tal compromisso obriga os países-membros da OMC a adotar padrões mais rigorosos de proteção patentária. Consequentemente, encarece o acesso às inovações tecnológicas, inclusive no setor farmacêutico. Mas a decisão final foi amplamente criticada por ativistas da saúde e movimentos populares em todo o mundo, já que a OMC rejeitou a isenção total do TRIPS. 

Em 2020, diante da disseminação do novo coronavírus, África do Sul e Índia protocolaram a proposta de isenção do Acordo, que obteve amplo apoio dos países em desenvolvimento e de baixa renda – com exceção do Brasil. A nova decisão foi saudada pelo Secretariado da OMC e por representantes de países ricos como um resultado sem precedentes, mas ativistas condenam que, na prática, a decisão não atende as necessidades mínimas da maior fatia do mundo. “Houve um esvaziamento da proposta pelos países mais ricos. O texto perdeu totalmente sua força, não trouxe nada novo”, explica Felipe Carvalho, Coordenador Regional da Campanha de Acesso do Médicos Sem Fronteiras ao Outra Saúde.

A conclusão do órgão concedeu uma exceção temporária à restrição das quantidades de vacinas que podem ser exportadas sob licença compulsória; diagnósticos e tratamentos não estão incluídos e devem obedecer ao limite de exportação durante o tempo de licença compulsória – decretada durante emergências sanitárias, como é o caso da pandemia. Além disso, a concessão vale apenas para responder à covid-19 e não tem validade diante de outras crises de saúde. O acordo final não inclui o compartilhamento de segredos comerciais e know-how de fabricação, o que prejudicará a produção de vacinas com tecnologia avançada por países de baixa renda – como é o caso dos imunizantes de RNA.

Carvalho conta que o problema é abordado com frequência em reuniões escpecais da OMS e da ONU.  “Existe um consenso entre especialistas e órgãos multilaterais de que as patentes causam constantes crises de acesso e inovação na saúde”. Em maio, o The Guardian divulgou que a Pfizer lucrou 25,7 bilhões de dólares só no início de 2022 – mais da metade do valor está relacionado à venda de vacinas contra a covid-19. Tim Bierley, ativista do Global Justice Now, denunciou ao jornal britânico que apesar do apelo da Organização Mundial da Saúde (OMS) e de outras organizações, a farmacêutica seguia se recusando a compartilhar a tecnologia de produção do imunizante. O diretor da OMS, Tedros Adhanon, afirmou em 2021 que a pandemia estava sendo prolongada por uma “escandalosa desigualdade” diante do acúmulo de doses de imunizantes por países ricos enquanto países pobres não conseguiam avançar em sua meta de vacinação em massa. 

“Desde a criação do acordo TRIPs nós temos um cenário de constantes crises de acesso a medicamentos essenciais”, conta Felipe. Ele relembra o caso emblemático da epidemia de HIV/AIDS, na década de 1990. “Em 1996 surgiu a primeira terapia para a doença. As pessoas pararam de morrer e passaram a conviver com o vírus. Mas essa terapia não chegou nos países onde o cenário era mais grave”, explica. O ano de 1996 foi também quando o acordo TRIPS entrou em vigor, após sua criação em 1994 e preparação em 1995. “A partir daí se criou uma coalizão na sociedade civil, da qual fazemos parte, chamada Movimento de Luta pelo Acesso a Medicamentos. A pergunta era: por que os preços eram tão altos e o tratamento se tornava inacessível para milhões de pessoas? Nos aprofundamos no sistema de patentes e entendemos que o monopólio era a causa”, relembra.

Apesar do TRIPS possuir cláusulas que permitem flexibilizações, elas são de difícil utilização devido a dois fatores principais: sua não-incorporação completa em leis de países-membros e a pressão que as farmacêuticas exercem sobre as decisões da OMC. Na década de 1990, diante da grave situação vivida na África do Sul – país com maior número de mortes pela AIDS na época – o governo então liderado por Nelson Mandela aprovou uma das medidas previstas no TRIPS para importar genéricos. Na ocasião, Mandela sofreu o processo de 39 farmacêuticas que se opuseram à decisão tomada para conter a crise de saúde pública. Apesar da derrota das corporações na justiça, “esse é um exemplo de como essas empresas e seus países-sede tentam barrar as normas legítimas existentes no TRIPS”, exemplifica Carvalho.

A OMC é uma instituição formada por 164 membros e opera com base na tomada de decisões por consenso. “A OMC falhou em fornecer uma isenção. O acordo coloca os lucros à frente das vidas e mostra que o atual regime de propriedade intelectual falha em proteger a saúde e promover a transferência de tecnologia. Essa não-renúncia estabelece um mau precedente para futuras pandemias e continuará a colocar vidas em risco” declarou Lauren Paremoer, médica e integrante do Peoples’ Health Movement na África do Sul. 

A Health Action International, referência no trabalho para expandir o acesso a medicamentos essenciais, argumentou em nota que a decisão da OMC impõe obstáculos ao licenciamento compulsório, uma das poucas flexibilidades existentes no TRIPS, em troca de uma abertura tímida para a facilitação da exportação de vacinas. Outras entidades representantes da sociedade civil já denunciaram a atuação dos países ricos e vêm aumentando a pressão sobre os governos. O objetivo, segundo seus porta-vozes, é que sejam tomadas medidas concretas para desafiar as regras de monopólio farmacêutico da OMC e garantir mais acesso a medicamentos e tecnologias. 

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