Cerca de 50 mil ucranianos podem ficar desabrigados no Reino Unido em 2023 à medida que o esquema do governo “Homes for Ukraine” (Casas para Ucrânia, em tradução livre) para recepcionar refugiados por meio de famílias britânicas desmorona, informou reportagem do jornal The Guardian neste domingo (28/08).
Análises feitas pelo Partido Trabalhista, pelo partido Liberais Democratas e pela instituição de caridade britânica Barnardos, com base nas respostas dadas por anfitriões britânicos do programa de acolhimento de imigrantes ucranianos, calculam que entre 15 mil e 21 mil refugiados podem ficar desabrigados no inverno europeu, entre dezembro e março do ano seguinte.
O número de imigrantes vindos deste país do leste europeu soma quase 84 mil desde o início da guerra. As famílias anfitriãs, por sua vez, recebem £ 350 (cerca de R$ 2.082) por mês para abrigar refugiados por seis meses.
No início deste mês, no entanto, 1.330 famílias ucranianas na Inglaterra – 385 refugiados individuais e 945 famílias com crianças – deixaram o esquema e agora estão desabrigadas.
Uma nova onda de sem-teto é esperada a partir de setembro, quando a maioria dos contratos de patrocínio de seis meses expiram.
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Programa do governo britânico para recepcionar ucranianos foi desenhado para funcionar por 6 meses
O ministro de Estado para os Refugiados, Lord Harrington, pressionou o Tesouro para dobrar os pagamentos mensais para aqueles que podem hospedar refugiados por mais de seis meses, mas o governo não deu nenhuma indicação de que irá agir de acordo com suas recomendações, e Harrington começou a implorar que mais famílias britânicas adiram ao regime.
De acordo com uma pesquisa recente do governo, apenas um quarto dos que abandonaram o esquema após seis meses disseram que estavam fazendo isso porque não podiam mais participar, e apenas quatro em cada dez disseram que mais dinheiro os encorajaria a estender sua participação.
A maioria (58%) disse que só pretendia fornecer acomodações de curto prazo. No entanto, os refugiados ucranianos que chegam ao Reino Unido sob o esquema recebem vistos com três anos de validade.
“O compromisso do governo foi de três anos, não de seis meses, então é preciso haver um plano de longo prazo que não desperdice a boa vontade de tantos”, disse a ativista pró-imigração Kitty Hamilton ao The Guardian.
(*) Com Sputnik News.