O Kremlin afirmou nesta segunda-feira (13/03) que aguarda uma “declaração do Vaticano” para que o papa Francisco possa visitar Moscou e se reunir com o presidente da Rússia, Vladimir Putin.
O posicionamento chega após o pontífice ter reiterado em uma entrevista recente que está pronto para ir a Kiev, capital da Ucrânia, mas desde que também possa viajar a Moscou. “Vou aos dois lugares ou não vou a nenhum”, disse.
Questionado sobre o assunto nesta segunda-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, destacou que “não sabe” sobre os planos de Jorge Bergoglio em visitar a Rússia, apesar das diversas declarações públicas do líder católico sobre o assunto.
“Primeiro, precisamos usar os canais diplomáticos. Vamos esperar por algumas declarações oficiais do Vaticano sobre esse assunto”, ressaltou Peskov.
Em outra entrevista, Francisco afirmou que Putin “sabe” que ele está “à disposição” para visitar Moscou, mas desde que o presidente deixe “uma janelinha para negociar” a paz na Ucrânia.
A Rússia, no entanto, diz que não existem neste momento os pressupostos para uma solução pacífica para o conflito.
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Papa Francisco apresenta histórico de posicionamentos relacionado a guerra na Ucrânia
Em outubro passado, a Rússia elogiou a proposta do presidente da França, Emmanuel Macron, de incluir o papa Francisco nas negociações para solução da guerra com a Ucrânia.
De acordo com Peskov, a ideia do líder francês era “positiva” e afirmou que a Rússia “está pronta para conversar com os EUA, outros países e o papa para encontrar soluções para a crise ucraniana”.
Por sua vez, em novembro, Francisco afirmou à revista jesuíta America, que as tropas “mais cruéis” na guerra na Ucrânia “talvez sejam aquelas da Rússia, mas sem tradição russa, como as chechenas, as buriates e assim por diante”, causando problemas com Moscou.
Porém, em dezembro a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, disse que o Vaticano enviou uma declaração se desculpando pelo papa Francisco ter acusado chechenos e buriates de “crueldade” na guerra na Ucrânia.
Em seguida, a porta-voz acrescentou que Moscou considera esse incidente “resolvido” e “não vê a hora de continuar a cooperação construtiva com o Vaticano”, que não confirmou o teor da mensagem.
(*) Com Ansa