Após conversa com Zelensky, Trump diz que negociações para fim da guerra na Ucrânia estão ‘bem encaminhadas’

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, informou que teve uma conversa telefônica com seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, nesta quarta-feira (19/03), um dia após o republicano ligar para o mandatário russo, Vladimir Putin, na terça-feira (18/03), em meio a esforços de alcançar um acordo para o fim da guerra na Ucrânia.

“Acabei de concluir uma excelente conversa telefônica com o presidente Zelensky da Ucrânia. Grande parte da conversa foi baseada na ligação feita ontem com o presidente Putin, a fim de alinhar a Rússia e a Ucrânia em termos de suas solicitações e necessidades”, revelou o magnata por meio da rede social Truth. A última vez que Trump e Zelensky haviam conversado foi em Washington, quando discutiram na Casa Branca, em 28 de fevereiro.

Na conversa que durou “aproximadamente uma hora”, Trump concluiu que está “muito bem encaminhado” com Zelensky. “Pedirei ao secretário de Estado, Marco Rubio, e ao conselheiro de Segurança Nacional, Michael Waltz, que façam uma descrição precisa dos pontos discutidos”, declarou. Segundo o presidente, a declaração será “divulgada em breve”.

Segundo o enviado dos EUA para a situação na Ucrânia, Steve Witkoff, um cessar-fogo na Ucrânia pode ocorrer em “algumas semanas”. Na próxima segunda-feira (24/03) as negociações serão iniciadas na Arábia Saudita, mas não concedeu mais detalhes. Apenas informou que “todos estão comprometidos com esse processo”.

Em declarações à Bloomberg Television, o representante norte-americano disse estar entrando nas negociações “com confiança” após o telefonema entre Trump e Putin.

“Eles concordaram com um caminho para algumas condições de cessar-fogo e para um cessar-fogo total que será negociado nos próximos dias. Na verdade, acho que em algumas semanas chegaremos a isso”, disse ele, segundo a Al Jazeera.

Zelensky, por sua vez, ainda não fez nenhum comentário sobre a conversa com Trump. A mais recente declaração do ucraniano, nesta quarta-feira (18/03) foi sobre uma das maiores trocas de prisioneiros acordadas entre Kiev e Moscou desde o início da guerra, acordo intermediado pela Arábia Saudita.

De acordo com a emissora catari, 372 pessoas estão envolvidas no processo. O Ministério da Defesa russo especificou que 175 prisioneiros de guerra e 22 prisioneiros ucranianos “gravemente feridos” seriam devolvidos em troca de 175 prisioneiros russos.

“Hoje é mais um dia em que a Ucrânia traz seu povo de volta. 175 de nossos defensores foram libertados do cativeiro russo. Outros 22 defensores estão retornando para casa por meio de medidas além de trocas. Entre eles estão guerreiros gravemente feridos e aqueles que a Rússia perseguiu por crimes forjados. Todos eles receberão imediatamente a assistência médica e psicológica necessária”, informou por meio do X.

Today is another day when Ukraine brings its people back. 175 of our defenders have been released from Russian captivity. Another 22 defenders are returning home through measures beyond exchanges. Among them are severely wounded warriors and those whom Russia persecuted for… pic.twitter.com/r8vI7BiYxn

— Volodymyr Zelenskyy / Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) March 19, 2025

Já os militares russos libertados estão na Bielorrússia, onde recebem assistência psicológica e médica e têm a oportunidade de entrar em contato com seus parentes. Segundo a agência de notícias Tass, eles serão levados para a Rússia para tratamento e reabilitação nas instituições médicas do Ministério da Defesa.

Rússia mantém “olhar atento”

Após a ligação entre Trump e Zelensky, o Kremlin disse manter “um olhar atento” sobre se as autoridades ucranianas mediante as negociações de paz, disse o porta-voz presidencial russo Dmitry Peskov em uma entrevista coletiva.

“Ainda estamos observando atentamente se o regime de Kiev ouvirá a firme intenção dos presidentes russo e americano de fazer de tudo para entrar gradualmente na estrutura de uma solução pacífica”, disse ele.

A declaração de Peskov ocorre após o exército ucraniano lançar três drones contra uma instalação petrolífera na região russa de Krasnodar, no sul do país.

O Ministério da Defesa da Rússia descreveu os ataques de Kiev como uma provocação deliberada “destinada a interromper as iniciativas de paz do presidente dos EUA”, uma vez que, por ordem presidencial, o exército de Moscou já interceptou sete de seus próprios drones lançados anteriormente ao complexo militar-industrial ucraniano na região de Nikolaev.

Em coletiva, Peskov, classificou a ofensiva de Kiev como uma “sabotagem de acordos”, uma vez que após a conversa com Trump na terça-feira, Putin anunciou um cessar-fogo de 30 dias contra as estrutura energéticas da Ucrânia.

(*) Com TASS e informações da Al Jazeera