O presidente da Rússia, Vladimir Putin, declarou nesta terça-feira (13/08) que a “tarefa urgente” das Forças Armadas do país é “expulsar as tropas ucranianas do território russo e garantir a fronteira”, como a província de Kursk, região alvo de ataques ucranianos.
Em uma reunião com líderes militares, governadores das regiões fronteiriças e ministros, o mandatário russo afirmou que o mais recente ataque da Ucrânia evidencia sua posição quanto às negociações de paz.
“Agora está claro por que o governo ucraniano rejeitou as nossas propostas para retomar o plano de paz. É claro que as negociações não têm sentido enquanto a Ucrânia ataca civis”, afirmou Putin.
O mandatário russo ainda considerou o ataque do exército ucraniano como uma tentativa de travar o avanço das forças russas em Donetsk e Lugansk.
Outro dos objetivos dos militares ucranianos, indicou o presidente, era “semear a discórdia e assustar a sociedade russa”.
Operação antiterrorista
O Ministério da Defesa russo informou, também nesta terça-feira, um novo balanço sobre a “operação antiterrorista” instalada para combater as tropas ucranianas em Kursk.
Segundo a pasta, a operação para destruir as unidades das Forças Armadas Ucranianas continua de forma que, nas últimas 24 horas, o exército russo interrompeu “tentativas de grupos móveis inimigos de penetrar profundamente no território russo com veículos blindados” nas regiões de Obshchy Kolodez, Snagost, Kauchuk e Alekseyevsky.
De acordo com a agência de notícias russa Tass, um ataque aerotransportado das Forças Armadas ucranianas lançado contra a região de Martinovka foi repelido e aerovanes de Moscou “atingiram reservas das forças armadas ucranianas nas áreas de Miropolye, Mogrytsya e Petrushevka, na região de Sumy”.
Em consonância com o balanço do Ministério, o comandante das forças especiais russas e membro do Ministério da Defesa, Aptí Alaudínov, garantiu que é improvável que as tropas ucranianas avancem mais.
Ao observar que a “situação está sob controle”, informou que “a maior parte do território onde tropas ucranianas estavam localizadas já está completamente bloqueada. Os assentamentos onde soldados de Kiev estavam localizados estão sendo limpos, e que todas as unidades russas estão operando em um “bom ritmo”.
O general garantiu ainda que “a tática de Zelensky, em princípio, já acabou”, e agora “está sofrendo perdas que provavelmente” são as maiores desde o início do conflito, em fevereiro de 2022.
O Ministério de Defesa confirmou que desde a instalação da contraofensiva em Kursk, a Ucrânia perdeu até 2.030 militares e mais de 340 veículos militares, quatro sistemas de mísseis antiaéreos, dois lançadores múltiplos de foguetes e 14 peças de artilharia.
Incursão em Kursk
Em 6 de agosto, as Forças Armadas Ucranianas lançaram um ataque massivo, com pelo menos 2 mil combatentes, à região russa de Kursk.
Segundo o governador em exercício da região, Alexei Smirnov, um total de 12 civis foram mortos pelas tropas ucranianas, e 121 ficaram feridos, incluindo 10 crianças.
Diante disso, o representante permanente adjunto da Rússia nas Nações Unidas, Dmitri Polianski, declarou que a escolha ucraniana de ataque foi “inequívoca a favor da escalada e de novas hostilidades”.
“Esta é a melhor refutação para todos os nossos parceiros internacionais que têm afirmado que o regime de Kiev está inclinado para uma solução pacífica para a crise ucraniana. A resposta chegou e é uma escolha inequívoca a favor da escalada e da ação militar”, declarou.
Polianski sublinhou que a tentativa de ataque a Kursk foi “uma manobra da qual a Ucrânia sem dúvida se arrependerá amargamente”.
“Aqueles que esperavam que este ataque bárbaro semeasse a discórdia entre os russos e os assustasse estão cometendo um erro fatal. Este ato criminoso apenas fortaleceu a nossa sociedade e mostrou a verdadeira face do nosso inimigo, que nada merece mais do que derrota completa e destruição incondicional”.
Polianski ainda criticou o Ocidente por não ter repudiado o ataque ucraniano. “Eles continuam a encobrir os crimes odiosos dos seus fantoches”, denunciou.
Apesar do ataque, a Ucrânia anunciou nesta terça-feira que não está interessada em conquistar e anexar territórios russos.
Segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores ucraniano, Heorhii Tyhiy, citado pela agência ucraniana Rbc-Ucrânia, o objetivo das Forças Armadas da Ucrânia são apenas estruturas e contingentes militares russos.
Participação norte-americana
O exército da Rússia acusou, também nesta terça-feira, generais dos Estados Unidos de “orquestrar” a operação da Ucrânia na província russa de Kursk.
Segundo o jornal Actualidade RT, o comandante Aptí Alaudínov afirmou que o ataque ucraniano realizado contra o território russo em 6 de agosto também teve participação de “mercenários estrangeiros”.
“A sede da OTAN participou claramente no desenvolvimento da operação, que foi dirigida diretamente pelos generais norte-americanos e teve um grande número de mercenários estrangeiros envolvidos. É muito provável que os próprios especialistas das Forças Armadas desses países tenham participado também”, declarou o comandante russo.
(*) Com Ansa, Brasil247 e RT en español