O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, apresentou sua renúncia, informou nesta quarta-feira (04/09) o presidente do parlamento ucraniano, Ruslan Stefanchuk.
“A Suprema Rada da Ucrânia [como é chamado o Parlamento] recebeu uma declaração do ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitry Kuleba, sobre a sua renúncia. A declaração será analisada em uma das próximas reuniões plenárias”, escreveu Stefanchuk por meio das redes sociais.
Kuleba ocupava o cargo de chefe da chancelaria ucraniana desde março de 2020, e depois do presidente Volodymyr Zelensky era o representante ucraniano mais conhecido nos demais países.
Segundo a imprensa ucraniana, o possível substituto para ocupar o cargo ainda não foi definido, mas o vice-chefe do Ministério das Relações Exteriores, Andréi Sibiga, é uma possibilidade.
Crise interna ou reformulação do governo?
A carta de demissão apresentada ao presidente do Parlamento não apresenta, no entanto, justificativa para a renúncia. Deputados ucranianos falam sobre mudanças para reformular o governo ucraniano.
Ainda de acordo com a mídia local, Zelensky não estava satisfeito com o trabalho de Kuleba e considerava a possibilidade de demiti-lo. “Há muitas perguntas a Kuleba. Em particular, um grande número de reclamações sobre os candidatos a embaixadores, nomeados pela chancelaria. O Gabinete Presidencial em geral não está satisfeito com o serviço diplomático”, observaram as fontes ao jornal Strana.
Um dos deputados ucranianos, Yaroslav Zheleznyak, já havia informado que nesta semana podem ser realizadas demissões e mudanças no gabinete de ministros da Ucrânia.
O chefe do partido governista Sluga Naroda (Servo do Povo) no parlamento, David Arakhamiya, também disse que se pode esperar uma “grande reinicialização” do governo ucraniano. Segundo ele, as mudanças afetarão 50% dos altos cargos.
Em consonância, na última terça-feira (03/09), outros quatro ministros ucranianos também apresentaram renúncia aos seus cargos. Oleksandr Kamyshin, ministro das Indústrias Estratégicas; Denys Maliuska, da Justiça; Ruslan Strilets, do Meio Ambiente; e Olga Stefanishina, vice-primeira-ministra da Integração Europeia.
Kamyshin foi responsável pela supervisão da produção de armas para a guerra contra a Rússia, e afirmou que continuará trabalhando no setor de defesa, “mas em uma função diferente”.
Com as demissões de terça-feira, mais de um terço dos ministérios ucranianos ficaram sem comando, porção ainda maior com a renúncia do chanceler Kuleba nesta quarta.
Apesar de membros do governo falarem em reformulação do gabinete, as saídas dos ministros aumentaram as incertezas em torno do governo do presidente Zelensky.
A agência britânica Reuters classificou as demissões como “um abalo governamental em um momento crítico da guerra com a Rússia”, em especial com os confrontos na fronteira em Kursk, iniciadas há cerca de um mês.
(*) Com Ansa, RT en español e Sputnik