O governo dos Estados Unidos está se opondo à classificar a Rússia como agressora da Ucrânia em duas declarações que as Nações Unidas e o G7 preparam para marcar o terceiro aniversário da invasão russa da Ucrânia nesta segunda-feira (24/02).
Na resolução da ONU, o país se recusou também a endossar os trechos que condenam a invasão, que reafirmam a soberania daquele país e exigem o restabelecimento das fronteiras anteriores a 2014, quando Moscou anexou a Crimeia.
É a primeira vez, desde o início do conflito, que os Estados Unidos não apoiam a condenação da Rússia. Espera-se que a resolução das Nações Unidas seja apoiada por 50 países, incluindo o Reino Unido e a maioria dos membros da União Europeia.
No caso da declaração do G7 estão sendo retirados os trechos que os EUA não endossam.
Ao mesmo tempo, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, disse que Washington poderia considerar suspender ou ampliar as sanções à Rússia, dependendo da rapidez de Moscou para negociar um acordo de paz para a Ucrânia.
O mesmo Bessent esteve em Kiev esta semana negociando com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky a demanda de seu país de que a ajuda militar que for a Kiev nos últimos três anos seja paga com recursos naturais do país. O principal interesse de Washington, além de petróleo e gás, é nos minerais raros ucranianos, essenciais para o setor de alta tecnologia.
Segundo Bessent, ele recebeu garantias de que Zelensky assinaria o acordo.
EUA querem US$ 500 bilhões em recursos naturais da Ucrânia
Na mesma direção, o conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Mike Waltz, disse na quinta-feira (20/02) à Fox New que Zelensky deveria reduzir suas críticas ao governo norte-americano e assinar o acordo para dar a Washington US$ 500 bilhões em recursos naturais.
Embora Bessent tenha dito que Kiev aceitaria o acordo, os cálculos da Ucrânia sobre o montante de ajuda militar recebida dos Estados Unidos são bem diferentes dos cálculos de Waltz.
Segundo Zelensky, o país recebeu US$ 69,2 bilhões em assistência durante a administração de Joe Biden (e não US$ 500 bilhões).
Zelensky disse que um acordo dependia de os EUA darem garantias de segurança para seu país no pós-guerra. Os ucranianos estão céticos de que Moscou respeitará qualquer acordo de paz porque estão convencidos que o presidente russo, Vladimir Putin, quer conquistar mais territórios.
Líderes europeus ofereceram apoio para que a Ucrânia não seja obrigada a assinar um acordo.

Mike Waltz, conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos
Na conservadora emissora norte-americana, Waltz também desmentiu que seu país tenha esnobado a Ucrânia e os aliados europeus ao excluí-los das negociações com a Rússia esta semana. Segundo ele, os encontros com os russos eram apenas “diplomacia de rotina”.
Retomada de relações EUA-Rússia faz o rublo subir
Na quinta-feira, o enviado especial de Trump para a Ucrânia, Keith Kellogg, reuniu-se com Zelensky, mas a coletiva de imprensa convocada para depois do encontro foi cancelada.
O jornal britânico Guardian interpretou o cancelamento como mais um sinal do distanciamento dos Estados Unidos da Ucrânia. Kellogg, um dos membros mais pró-ucraniano do governo dos Estados Unidos, foi excluído das conversas com a delegação russa.
Diante das recentes agressivas críticas do presidente Donald Trump contra Zelensky e sua aproximação da narrativa russa sobre a guerra, o Kremlin mantém reações comedidas.
Esta semana, Trump chamou Zelensky de “ditador”, de cômico medíocre e o responsabilizou pela guerra por não ter conseguido negociar com a Rússia.
O porta-voz de Moscou, Dmitry Peskov, disse que “concorda plenamente” com a posição de Trump sobre a urgência de se acabar com a guerra. Mas alertou que o diálogo com esse país deve incluir “todos os parâmetros” do problema.
Na quinta-feira, o rublo atingiu sua cotação mais alta desde agosto de 2024, tanto em relação ao dólar como ao euro. Analistas acreditam que o bom desempenho da moeda está ligado às perspectivas de retomada de boas relações comerciais com Washington.