França convoca reunião sobre Ucrânia, em meio a temor europeu de exclusão das negociações entre EUA e Rússia
Rússia e EUA concordam em 'cooperar' para por fim à guerra; Kiev reagiu
O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noel Barrot, confirmou neste domingo (16/02) uma reunião na próxima segunda-feira (17/02), em Paris, sobre a Europa a situação na Ucrânia, em meio ao incômodo que as negociações para o fim da guerra com a Rússia tenham sido iniciadas por Washington, sem consultar a União Europeia.
Segundo Barrot, o presidente da França, Emmanuel Macron, reunirá no evento os “principais países” do continente, mas não especificou quem serão os participantes da cúpula. A Rússia faz parte do continente europeu, mas acolhe um histórico de não ser convidada para as iniciativas ocidentais para a resolução do conflito.
Segundo fontes do jornal britânico The Guardian, os convidados para a reunião sobre a Ucrânia convocada por Macron incluirão o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Mark Rutte, e os líderes de Itália, Alemanha, Polônia e Reino Unido.
O periódico acrescentou que o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, levará as mensagens do encontro em Paris para Washington nos próximos dias, quando se encontrará com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
“Será uma reunião de trabalho, enquanto as confirmações ainda estão chegando. Não há necessidade de dramatizar esse tipo de reunião. Elas acontecem com muita frequência”, declarou o chanceler francês em entrevista à rádio France Inter.
Rússia e EUA
Cumprindo o anúncio entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e seu homólogo russo, Vladimir Putin em iniciar as negociações “imediatamente”, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, concordaram em retomar o diálogo e expressaram a vontade de “cooperar” para resolver o conflito na Ucrânia, durante uma conversa telefônica, segundo informou a chancelaria russa neste sábado (15/02).
De acordo com informações da Rússia, os dois diplomatas expressaram uma “vontade mútua de cooperar em questões internacionais atuais, incluindo um acordo sobre a Ucrânia, a situação em torno da Palestina e todo o Oriente Médio, bem como outras áreas da região”.
Lavrov e Rubio “concordaram em retomar os contatos regulares para a preparação para uma cúpula russo-americana de alto nível”.
Além disso, os diplomatas “confirmaram sua disposição em trabalhar para restabelecer um diálogo intergovernamental mutuamente respeitoso em linha com o tom estabelecido pelos presidentes”, acrescentou a chancelaria russa.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o seu par estadunidense, Donald Trump, conversaram por telefone na quarta-feira. Segundo o republicano, ambos concordaram em estabelecer negociações “imediatas” para encerrar o conflito na Ucrânia.

Segundo chanceler francês, Paris reunirá os “principais países” do continente, mas não especificou quem serão os participantes da cúpula
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, reagiu à proximidade entre os EUA e a Rússia e pressionou seus aliados europeus neste sábado, instando-os a reforçar sua unidade para evitar um acordo forjado pelos Estados Unidos sem a participação de Kiev e da Europa para pôr fim ao conflito na Ucrânia.
“Acredito realmente que chegou o momento de criar as forças armadas da Europa”, declarou o líder ucraniano na Conferência de Segurança de Munique, em um momento em que se teme um menor compromisso militar de Washington no continente.
“Garantias de segurança”
Kiev pediu que Washington elaborasse um “plano comum” para enfrentar a Rússia, mas Zelensky observou que ainda não havia uma posição conjunta após a reunião com o vice-presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance, na última sexta-feira (14/02).
Neste sábado, o presidente ucraniano anunciou que bloqueou um acordo proposto por Trump para permitir que os EUA tivessem acesso a recursos minerais estratégicos, afirmando que, por enquanto, o republicano “não protege” o seu país e que qualquer decisão deve “estar vinculada a garantias de segurança”.
O governo Trump pretende concluir um acordo sobre os minerais ucranianos que “reembolsaria” parcialmente os Estados Unidos pela ajuda fornecida a Kiev.
Quanto à posição de Washington sobre o papel dos aliados europeus, Zelensky afirma que “os Estados Unidos não oferecerão garantias [de segurança] a menos que as próprias garantias da Europa sejam sólidas”.
O enviado especial norte-americano, Keith Kellogg, a quem Zelensky convidou a visitar o front, insinuou que os europeus não participaram diretamente das negociações, mas que teriam “voz”.
“Não podem tomar decisões sobre a Ucrânia sem a Ucrânia, assim como não podem tomar decisões sobre a Europa sem a Europa. A Europa tem que ter um assento na mesa” dos diálogos”, insistiu Zelensky.
No campo de batalha, o Exército russo reivindicou, neste sábado, a tomada de uma nova localidade na província de Donetsk, no leste da Ucrânia, onde as tropas de Moscou vêm avançando há meses.
(*) Com Ansa e Brasil de Fato
