O governo da Rússia aceitou nesta quarta-feira (05/03) a proposta de Belarus de sediar uma possível rodada de negociações trilaterais sobre a guerra na Ucrânia, com a presença dos presidentes russo Vladimir Putin, ucraniano Volodymyr Zelensky e norte-americano Donald Trump.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, considerou que Minsk, capital bielorrussa, é “o melhor lugar” para as tratativas.
“Minsk é o melhor lugar para nós. É nosso principal aliado, por isso é o melhor lugar para as discussões”, explicou Peskov, citado pela agência Interfax. Ainda segundo ele, o Kremlin considerou “positiva” a prontidão declarada de Zelensky para “vir à mesa de negociações”. Na terça-feira (04/03), o presidente ucraniano disse que ele e sua equipe “estão prontos para trabalhar sob a forte liderança do presidente Trump para obter uma paz duradoura”.
Mais cedo, foi publicada uma entrevista na agência de notícias BelTA do presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, concedida ao blogueiro norte-americano, Mario Nawfal, no último 27 de fevereiro, em que o mandatário faz o convite em questão a seus homólogos dos EUA, da Rússia e da Ucrânia.
“Precisamos persuadir e negociar com Zelensky também, porque Zelensky representa a maioria da população ucraniana. Portanto, devemos negociar. Vamos sentar [à mesa de negociações] aqui e chegar a um acordo com calma, sem nenhum barulho. Portanto, diga a Trump que estou ansioso para recebê-lo aqui com Putin e Zelensky”, disse Lukashenko.

O porta-voz russo Dmitry Peskov participa de uma coletiva de imprensa em Minsk, capital de Belarus, em 19 de dezembro de 2022
De acordo com a agência russa TASS, o líder bielorrusso “acredita que Trump é um presidente mais independente do que seu antecessor Joe Biden”.
“Mesmo que esteja errado, ele tomará uma decisão. Biden não tomou a decisão sozinho. Disseram-lhe para não ligar, e ele não ligou. Disseram-lhe para chamar Putin de ditador, e ele o chamou de ditador”, afirmou, acrescentando que o democrata “em virtude de seu caráter e de sua posição física, não pôde resistir, como Trump resiste”.
Durante a entrevista, Lukashenko também disse acreditar que Putin nunca esperou que a guerra se transformasse em “um conflito total” com “um grande número” de vítimas. Revelou que, pelo contrário, o presidente russo havia tentado iniciar negociações de paz no início da guerra, mas que foram interrompidas pelo Reino Unido e pelo então governo norte-americano de Joe Biden.
Até o momento, os EUA e a Ucrânia ainda não se manifestaram sobre o convite. Belarus é o principal aliado da Rússia e chegou a ser usado como base para ataques à Ucrânia durante a guerra, além de abrigar ogivas nucleares de Moscou.
(*) Com Ansa e TASS