O presidente da Hungria, Viktor Orbán, disse estar considerando votar contra manutenção das sanções que a União Europeia (UE) impõe à Rússia por conta da guerra da Ucrânia.
Há quase três anos, o bloco aprovou 15 pacotes de restrições econômicas ao Kremlin, pessoas e empresas da sua órbita. Semestralmente, para que continuem vigentes, o bloco precisa renovar por unanimidade as sanções e o próximo prazo é o final de janeiro.
Nesta sexta-feira (24/01), os embaixadores dos 27 países que compõem o bloco devem se reunir para discutir a renovação das sanções que, além de restrições comerciais, incluem o congelamento de fundos russos em território europeu.
Mas a reunião pode ser adiada até segunda-feira (27/01) porque a Hungria já avisou que votará contra.
“É hora de jogar as sanções pela janela e criar uma relação livre de sanções com os russos”, disse o primeiro-ministro húngaro há poucos dias. À UE ele disse que esperaria pelos primeiros gestos do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, antes de tomar uma decisão definitiva.
Um diplomata europeu, falando ao jornal espanhol El País, avaliou que Orbán deve estar usando a renovação das sanções para pressionar a União Europeia. O objetivo seria liberar parte do dinheiro que o seu próprio país tem bloqueado.
Por “violações do Estado de direito”, a Hungria foi punida pelo bloco com o congelamento de algo entre 21 e 22 bilhões de euros. Além disso, perdeu definitivamente 1,04 bilhões de euros de financiamento europeu.

O presidente da Ucrânia Viktor Orbán com o presidente da Rússia, Vladimir Putin
Ameaças anteriores
O líder húngaro já ameaçou antes bloquear ações europeias de ajuda à Ucrânia. Em dezembro de 2023, quando isso ocorreu às vésperas de um encontro europeu que discutiria o conflito, a Comissão Europeia (CE) descongelou alguns fundos para a Hungria.
A Comissão justificou que isso foi feito porque Budapeste concordou com realizar diversas reformas.
No ano passado, no início da presidência húngara do Conselho Europeu, Orbán foi a Moscou conversar com o presidente russo Vladimir Putin sobre a guerra na Ucrânia. Depois foi a Pequim reunir-se com o líder Xi Jinping e, na sequência, foi à Flórida encontrar Trump.
Na época, Trump dizia que acabaria com a guerra rapidamente. Embora agora o republicano fale não em suspender, senão em aumentar as sanções à Rússia, Orbán se mantém contra enquanto não houver nada de concreto por parte dos Estados Unidos.
Fontes europeias acreditam que a estratégia de Trump é de fazer uma “escalada para a desescalada” a fim de pressionar Putin a negociar. Poucos, entretanto, acreditam que Moscou aceite retirar-se de qualquer parcela do território ucraniano que já domina e que corresponde a um quinto do país.
Enquanto a União Europeia debate e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) busca que os europeus ampliem seu financiamento à guerra e à própria aliança militar, o Exército russo mantém sua ofensiva na Ucrânia, avançando dia a dia.