Em visita a Budapeste, esta quarta-feira (12/06), o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, anunciou que tinha chegado a um acordo com a Hungria que não prejudicasse os esforços da Aliança Atlântica para consolidar a ajuda à Ucrânia, em guerra contra a Rússia.
“O primeiro-ministro Viktor Orbán e eu concordamos que a Hungria não impediria outros aliados de se comprometerem a apoiar financeiramente a Ucrânia e a Otan, de desempenharem um papel de liderança na coordenação”, declarou Stoltenberg durante conferência de imprensa.
Em troca, a Hungria “obteve a garantia de que não seria obrigada a participar” nos esforços da Otan. Os detalhes do acordo foram fornecidos por Viktor Orbán, que falou de “uma discussão difícil, mas construtiva”. Segundo o premiê húngaro, o país “não pode mudar as decisões dos outros 31 Estados-membros”, mas “não contribuirá financeiramente e não enviará nenhum homem para travar esta guerra”, dizendo que o chefe da Otan “aceitava esta posição”.
Os Ministros da Defesa da Otan se reunirão nesta quinta-feira (13/06) em Bruxelas para tentar selar o acordo final. Detalhes técnicos ainda precisam ser finalizados, mas o apoio de outros países parece ter sido alcançado.
Antes de uma cúpula planejada em Washington em julho, o secretário-geral da Aliança do Atlântico Norte tenta reforçar o papel da organização na coordenação do fornecimento de armas a Kiev e no treinamento de tropas ucranianas.
Jens Stoltenberg quer manter a atual ajuda à Ucrânia, num nível mínimo de € 40 bilhões por ano.
‘Pacto de não agressão’
Desde o início da ofensiva russa na Ucrânia, Viktor Orbán se recusou a enviar qualquer ajuda militar a Kiev. O líder nacionalista, que bloqueia regularmente a ajuda militar à Ucrânia dentro da UE, também se tornou uma pedra no sapato da Otan, “especialmente nos últimos meses”, observa um diplomata falando sob condição de anonimato.
Desde o início da ofensiva russa na Ucrânia, a Otan tem tido o cuidado de evitar qualquer envolvimento direto, deixando a Washington, o principal apoiador de Kiev, a coordenação da entrega de armas fornecidas pelos aliados da Ucrânia. Agora, no entanto, a Organização quer atuar mais de perto, por medo do retorno de Donald Trump à Casa Branca.