Hungria se opõe à entrada da Ucrânia na União Europeia
Presidente ucraniano defende sanções econômicas contra Moscou e recebe apoio do bloco europeu
O primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán justificou sua oposição à entrada da Ucrânia na União Europeia e na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) com base no atual conflito entre Moscou em Kiev.
Em entrevista à rádio húngara Kossuth nesta quinta-feira (26/06), Orbán disse que não pode ser permitido a adesão da Ucrânia pois “significaria arrastar o bloco para uma guerra com a Rússia”.
O premiê confirmou que, na cúpula realizada em Bruxelas, vetou a declaração conjunta que permitiria o início das negociações de adesão de Kiev. “A Hungria declarou ontem que não dará sinal verde para a abertura do primeiro capítulo das negociações”, reiterou.
Ele lembrou ainda que adotou a mesma posição na recente cúpula da OTAN, em Haia, argumentando que a adesão da Ucrânia levaria a uma escalada bélica de proporções globais.
Orbán ainda relatou que a Ucrânia hoje é um “território indefinido, sem fronteiras claras, cuja segurança não pode ser garantida”. Ele defendeu que o bloco europeu continue oferecendo ajuda econômica ao país, mas rejeitou sua inclusão formal no bloco. O húngaro destacou que sua posição reflete a vontade popular expressa em um referendo nacional recente, no qual 95% dos mais de 2 milhões de votantes se manifestaram contra a adesão ucraniana.
Esta não é a primeira vez que Orbán se manifesta contrário à possibilidade de adesão de Kiev aos blocos. Em maio de 2024, o premiê acusou a União Europeia de preparar a OTAN para guerra na Ucrânia e disse, naquele momento, que iria ‘reavaliar papel’ na aliança militar. Já em janeiro deste ano, ele considerou votar contra as sanções da UE impostas a Moscou.

Kremlin / President of Ukraine / Flickr
Sérvia
Em paralelo, o premiê da Sérvia Duro Macut afirmou à agência russa TASS que seu país não aderirá às sanções contra a Rússia que o bloco europeu quer implacar. “Enquanto eu for primeiro-ministro, o governo sérvio não apoiará essas medidas”, declarou em sua primeira entrevista à imprensa internacional.
Já Aleksandar Vulin, ex-vice-primeiro-ministro da Sérvia, argumentou que seguir as sanções custaria à economia do país cerca de 15 bilhões de euros e colocaria sua estabilidade em risco.
Conselho europeu
Apesar da Hungria ter se oposto a entrada da Ucrânia no bloco, o país recebeu apoio dos 26 Estados-membros para intensificar sua força militar nesta quinta-feira durante o encontro das delegações em Bruxelas. Outro tópico defendido foi a disposição para aprovar um novo pacote de sanções contra a Rússia, com foco especial no setor energético.
No documento final, o Conselho Europeu pediu aos Estados-membros que “reforcem ainda mais os esforços para atender às necessidades militares e de defesa urgentes da Ucrânia”, com destaque para sistemas antidrone e munições pesadas.
O texto também ressaltou a importância de “acelerar iniciativas de apoio ao fortalecimento da indústria de defesa ucraniana” e reiterou o compromisso com a reconstrução do país.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky defendeu novas medidas econômicas contra Moscou. “É preciso reduzir as receitas com petróleo para enfraquecer a capacidade de agressão da Rússia. Um teto de US$ 45 ajudaria a aproximar a paz, mas para um acordo duradouro seria necessário baixar para US$ 30 por barril”, afirmou em uma mensagem enviada para a cúpula.
Com (*) TASS e Ansa