O governo da Rússia informou que a região russa, perto da vila de Berdin, a 84 quilômetros de Kursk, foi atacada nesta segunda-feira (06/01). O ataque foi uma ofensiva surpresa da Ucrânia na região de Kursk, que começou no domingo (05/01).
Blindados avançaram em direção à vila de Bolshoe Soldatskoe, a nordeste da cidade russa de Sudzha, controlada pelos ucranianos desde agosto.
Kiev sugeriu que a ofensiva em Kursk foi um sucesso, enquanto Moscou garantiu que seu Exército repeliu ambos os ataques.
Blogueiros militares russos relataram ataques que teriam colocado as forças russas temporariamente na defensiva.
Mas o blogueiro Yuri Podolyak confirmou que as tropas russas controlaram a situação e cercaram as forças ucranianas numa rodovia que leva a Kursk.
Ao mesmo tempo, a Rússia continua avançando dentro da Ucrânia no ritmo mais rápido desde o início do conflito, em 2022.
Nos últimos dias, as tropas russas capturaram aldeias periféricas a sudoeste de Pokrovsk, no oblast de Donetsk. Também forçaram a retirada dos últimos ucranianos da fortaleza subterrânea da usina termelétrica de Kurakhove.
Fortalecer posições antes de negociar a paz
A intensificação dos ataques de ambos os lados ocorre pouco antes de Donald Trump assumir a Presidência dos Estados Unidos, em 20 de janeiro.
Como Trump prometeu em campanha “acabar com a guerra na Ucrânia em 24 horas”, ambos os lados querem fortalecer suas posições para as negociações de paz.
O secretário de estado dos EUA, Antony Blinken, disse que a posição da Ucrânia em Kursk era “importante” para as futuras negociações de paz.
Tropas ucranianas buscam derrubar drones
Analistas acreditam que o presidente russo, Vladimir Putin, espera que o novo governo norte-americano corte os suprimentos militares para a Ucrânia, possibilitando avanços russos em 2025.
Entretanto, na segunda-feira, o atual presidente norte-americano Joe Biden enviou ao Congresso uma proposta de mais US$ 5,9 bilhões para ajudar a Ucrânia a enfrentar a Rússia, sendo US$ 2,5 bilhões no âmbnito militar.
Rússia controla um quinto da Ucrânia
As exigências da Rússia para encerrar o conflito não se alteraram desde o início da guerra. Além de exigir que a Ucrânia se abstenha de entrar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Putin reivindica anexar ao seu país as quatro regiões ucranianas russófonas, parte das quais já ocupadas pela Rússia.
Suas tropas controlam atualmente cerca de um quinto do território ucraniano.
Volodymyr Zelensky, o presidente ucraniano, segue pressionando diariamente pelo apoio da OTAN e dos EUA e reitera a necessidade de seu país ingressar na aliança militar.
A Ucrânia empreendeu, em agosto passado, uma surpreendente ofensiva contra o território russo na região de Kursk.
O Exército russo reconquistou 40% da área ocupada, mas as tropas de Kiev ainda controlam 585 quilômetros quadrados de território russo.
O último ataque a Kursk foi facilitado pelo clima que congelou o solo, facilitando o avanço dos blindados. Veículos de combate Bradlley fornecidos pelos EUA teriam sido usados para transportar tropas nessa operação.
Guerra de drones
O Estado-maior da Ucrânia informou que houve 42 confrontos na área de Kursk e que ao menos 12 continuavam no início da noite de domingo.
Na noite do sábado (04/01), os ucranianos removeram minas e houve uma batalha de drones.
Kiev informou haver derrubado 61 dos 103 drones russos detectados, e que os outros 42 se perderam. Já Moscou diz ter derrubado 61 drones ucranianos.
O governo da Ucrânia não comentou seu ataque na região de Berdin que, segundo os russos, envolveu dois tanques, 12 blindados e paraquedistas.
Houve críticas à nova ofensiva ucraniana em território russo em função da exaustão de suas tropas, que lutam em várias frentes.
Mas o comandante-chefe da Ucrânia, general Oleksandr Syrski, defendeu a operação dizendo que obrigou a Rússia a manter grande parte de suas forças em seu território e ainda trazer reforços de outras frentes.
Explosões perto de usina nuclear na Ucrânia
A Agência Internacional de Energia Atômica informou ter ouvido explosões perto da usina nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia, no domingo.
Isso coincide com relatos de um ataque de drones ao centro de treinamento da usina. Não houve vítimas ou danos aos equipamentos.
