Quarta-feira, 26 de março de 2025
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O presidente francês Emmanuel Macron e o primeiro-ministro britânico Keir Starmer viajarão a Washington “no início da semana que vem” para discutir a paz na Ucrânia com o presidente norte-americano Donald Trump. O encontro foi confirmado na quarta-feira (19/02) pelo conselheiro de segurança nacional dos Estados Unidos, Mike Waltz, após conversa telefônica com seus homólogos da França, Reino Unido e Alemanha.

Ao mesmo tempo, nesta quinta-feira (20/02), o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky informou que se reuniria com o enviado especial dos Estados Unidos, Keith Kellog.

Na quarta-feira, os principais líderes europeus realizaram uma nova reunião para discutir as negociações de paz na Ucrânia, depois que muitos países se queixaram por terem sido excluídos do encontro. Promovido por Macron em Paris, o primeiro evento ocorrido no início da semana reuniu sete lideranças europeias, além das autoridades máximas da Comissão Europeia, do Conselho Europeu e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

Nesse segundo encontro, também convocado pelo mandatário francês, participaram países da União Europeia e outros fora dela, como Canadá e Noruega. Compareceram pessoalmente, o presidente interino da Romênia e o primeiro-ministro de Luxemburgo, enquanto os demais, incluindo Grécia, República Checa, Bulgária, Finlândia, Noruega, Croácia, Portugal, Eslovênia, Suécia e Canadá o fizeram por videoconferência.

Baixando a tensão

Após o encontro, Macron postou em sua rede social comentários sobre a reunião que indicavam uma reaproximação com o presidente dos Estados Unidos, após algumas horas de tensão máxima entre Trump e Zelensky, assim como também com a UE.

“Compartilhamos o objetivo, que também é o do presidente Donald Trump, de acabar com a guerra de agressão travada pela Rússia por quase três anos”, frisou a postagem, antes de reafirmar que que a Ucrânia deve “sempre estar envolvida e seus direitos respeitados” nas negociações, bem como as preocupações de segurança dos europeus.

Outro indício da queda da tensão foram as declarações do Conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Mike Waltz, comemorando as decisões dos países europeus de ampliar seus investimentos em defesa.

“Congratulamo-nos com o fato de a Europa estar intervindo e oferecendo garantias de segurança. Há anos pedimos que a Europa se empenhe e contribua mais, não apenas na sua própria defesa como na defesa da Ucrânia”, disse Waltz, acrescentando que isso acontece agora porque Trump “está forçando muito rápido”. Waltz foi um dos três representantes da delegação norte-americana que se reuniu com altos funcionários do Kremlin na Arábia Saudita, na última terça-feira (18/02).

O presidente francês, Emmanuel Macron, com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky
Wikimedia Commons
O presidente francês, Emmanuel Macron, com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky

Zelensky despertou a fúria de Trump

As declarações e os dois encontros previstos entre Trump e representantes europeus e entre Zelensky e funcionários do governo norte-americano aliviam a escalada de tensão que se estabeleceu entre os aliados com as declarações de Trump contra Zelensky nas últimas duas semanas.

Primeiro Trump disse no dia 11 que a Ucrânia poderia acabar sendo russa e exigiu que pagasse de volta toda a ajuda que recebeu de seu país. Antes disso já havia exigido que o país realizasse eleições. Na terça-feira (18/02) o magnata subiu o tom e disse que essa guerra poderia ter sido evitada pois a Ucrânia “deveria ter conseguido um acordo” para impedir a operação russa. Pouco depois, afirmou que Zelensky não tinha apoio em seu país e insistiu que deveria convocar eleições.

O presidente ucraniano respondeu dizendo que Trump “vive na desinformação russa”.

Trump chama Zelensky de ‘ditador’

“Pensem em um comediante modestamente exitoso como Volodymyr Zelensky levando os Estados Unidos a gastar US$ 350 bilhões numa guerra que não pode ser ganha, que jamais deveria ter começado e que, sem os Estados Unidos, ele jamais teria empreendido”, postou Trump quarta-feira.

Ele ainda chamou Zelensky de “ditador” por ter se negado a realizar eleições “estando baixo em aprovação” e advertiu que corria o risco de “ficar sem país nenhum”.

“Enquanto isso nós estamos negociando com sucesso a paz com a Rússia, algo que todos admitem que só Trump e sua administração poderiam conseguir”, afirmou Trump, acrescentando que Zelensky fez um “péssimo trabalho, que seu país está destroçado, e milhões morreram sem necessidade”.