Um dos principais conselheiros do presidente da Rússia, Vladimir Putin, acusou nesta sexta-feira (16/09) a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) de estar diretamente envolvida nos planejamentos da Ucrânia em sua invasão à região russa de Kursk, na fronteira entre os dois países.
“Foi o Ocidente que levou a junta criminal ao poder na Ucrânia. Os países da OTAN enviaram armas e instrutores militares à Ucrânia, continuam fornecendo informações de inteligência e controlam a ação de grupos neonazistas”, disse Nikolai Patrushev, assessor do Kremlin, em entrevista ao jornal local Izvestia. Segundo ele, as declarações dos Estados Unidos de que não estão apoiando o ataque ucraniano são falsas.
“A operação na região de Kursk foi planejada com a participação da OTAN e dos serviços especiais ocidentais […] as declarações da liderança dos Estados Unidos de que não estava envolvida nos crimes de Kiev na região de Kursk não são verdadeiras. Sem sua participação e apoio direto, Kiev não teria se aventurado em território russo”, destacou Patrushev.
Na versão da Casa Branca, a Ucrânia não teria fornecido aviso prévio de sua incursão. Nesse sentido, Washington alega não ter envolvimento na operação. No entanto, o Ministério da Defesa da Rússia chegou a publicar imagens comprovando que o exército ucraniano faz uso de armas norte-americanas em Kursk.
Ainda nesta sexta-feira, pela primeira vez, o conselheiro do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse que o ataque na área fronteiriça tem como objetivo forçar Moscou a “entrar num processo justo de negociações”.
“Nós precisamos infligir derrotas táticas significativas à Rússia. Na região de Kursk, nós vemos como o instrumento militar é usado objetivamente para convencer a Federação Russa a entrar em um processo justo de negociações”, escreveu em rede social.
Avanços russos
De acordo com a agência TASS, no âmbito dos avanços da “operação antiterrorista” destinada a combater a invasão ucraniana em território nacional, o Ministério de Defesa da Rússia informou nesta sexta-feira que as forças de Kiev perderam, ao todo, 2.860 soldados, 41 tanques, 279 veículos blindados, quatro sistemas de defesa aérea, entre diversos outros recursos bélicos.
Além disso, o Kremlin relatou que seu exército conseguiu repelir um ataque contra Russky Porechny e Gordeyevka, na região de Kursk. Acrescentou ainda que, como parte da contraofensiva, aeronaves russas atingiram reservas, munições e depósitos de combustível ucranianos em Yuryevo, Khotneya, Vorozgba, Ivolzhanka, Zhuravka e Boyaro-Lezhachi, na região de Sumy.
Incursão em Kursk
Em 6 de agosto, as Forças Armadas Ucranianas lançaram um ataque massivo, com pelo menos 2 mil combatentes, à região russa de Kursk. No momento, Kiev diz que já conquistou mais de 80 localidades na província, instituindo até uma administração com um comandante militar nas áreas sob seu controle.
Segundo o representante permanente adjunto da Rússia nas Nações Unidas, Dmitri Polianski, a escolha ucraniana de ataque foi “inequívoca a favor da escalada e de novas hostilidades”.
“Esta é a melhor refutação para todos os nossos parceiros internacionais que têm afirmado que o regime de Kiev está inclinado para uma solução pacífica para a crise ucraniana. A resposta chegou e é uma escolha inequívoca a favor da escalada e da ação militar”, declarou.
Polianski sublinhou que a tentativa de ataque a Kursk foi “uma manobra da qual a Ucrânia sem dúvida se arrependerá amargamente”.
“Aqueles que esperavam que este ataque bárbaro semeasse a discórdia entre os russos e os assustasse estão cometendo um erro fatal. Este ato criminoso apenas fortaleceu a nossa sociedade e mostrou a verdadeira face do nosso inimigo, que nada merece mais do que derrota completa e destruição incondicional”.
(*) Com Ansa