Quarta-feira, 26 de março de 2025
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Os Estados Unidos, sob o governo de Donald Trump, se opuseram nesta segunda-feira (24/02) a uma resolução apresentada por Kiev na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) para condenar o governo da Rússia pela guerra entre os dois países e pedir a retirada imediata das tropas russas de seu território ucraniano. Apesar da oposição norte-americana, a organização aprovou a proposta ucraniana, que contou com o apoio da União Europeia.

O jornal norte-americano The New York Times (NYT) classificou a rejeição dos EUA como um “rompimento brusco” e uma “fissura pública entre os aliados ocidentais”.

A proposta apresentada por Kiev para encerrar a guerra, que completa três anos de duração também nesta segunda-feira, recebeu 93 votos a favor e 18 contrários. Ela também contou com 65 abstenções, incluindo a do Brasil e de membros dos BRICS, como Índia, África do Sul e China.

O documento menciona que a invasão em larga escala promovida pela Rússia “continua a ter consequências devastadoras” não só para a Ucrânia, mas também “para outras partes do planeta e para a estabilidade global”.

O texto ainda menciona que as hostilidades de Moscou devem acabar e que as resoluções aprovadas anteriormente pela ONU precisam ser implementadas.

Ao votar contra a resolução apoiada pelos países europeus, a embaixadora norte-americana, Dorothy Shea, reiterou que os EUA defendem “uma resolução que sinalize o comprometimento de todos os Estados-membros em trazer um fim duradouro à guerra”, ressaltando que “a resolução dos EUA faz exatamente isso”.

Volodymyr Zelenskyy/X
UE expressou insatisfação em ser excluída do processo de paz iniciado por Trump com Putin, e reuniu-se com Zelensky para debater conflito

Resolução dos EUA

Shea refere-se à resolução proposta pelos Estados Unidos votada pela Assembleia Geral também nesta segunda. O documento também foi aprovado, mas com emendas propostas pela UE.

A resolução de Washington passou pelo pleito com 78 votos favoráveis, 16 contrários e 67 abstenções. A emenda russa à resolução norte-americana, por sua vez, foi rejeitada com 71 nações votando contra e apenas 31 a favor.

Segundo a agência de notícias russa TASS, as emendas propostas pelos países europeus “alteraram significativamente” o documento norte-americano, “transformando um documento neutro em anti-Rússia”.

O texto original, chamado “Caminho para Paz” e que continha apenas três parágrafos, equiparava as ações da Ucrânia às da Rússia e lamentava “a trágica perda de vidas no conflito”. Sua conclusão também pedia “um fim rápido para a guerra e uma paz duradoura entre a Ucrânia e a Rússia”.

Mas após as emendas, as referências ao conflito foram substituídas pela frase “invasão em grande escala” pela Rússia.

Além disso, um parágrafo específico foi adicionado para afirmar o compromisso com a integridade territorial da Ucrânia “dentro de fronteiras internacionalmente reconhecidas” e para enfatizar a necessidade de uma resolução pacífica entre a Rússia e a Ucrânia “em linha com a Carta fundadora da ONU, reafirmando o apoio da ONU à soberania, independência, unidade e integridade territorial da Ucrânia”.

As diferenças entre os Estados Unidos e a Ucrânia foram exacerbadas após o presidente norte-americano, Donald Trump, contatar seu homólogo russo, Vladimir Putin, para iniciar as negociações de paz pelo fim do conflito. O mandatário ucraniano, Volodymyr Zelensky, foi avisado da ligação entre Trump e Putin logo após a reunião entre os dois ser finalizada.

Em meio aos esforços, a União Europeia expressou sua insatisfação em ser excluída do processo, e reuniu-se na última semana com Zelensky para debater o conflito.

(*) Com Ansa e TASS