Terça-feira, 15 de julho de 2025
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A cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), que acontece entre hoje (24/06) e amanhã  (25/06) em Haia, na Holanda, começa marcada pelas pressões do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para que os países-membros elevem seus gastos militares para 5% do PIB até 2035.

O encontro ocorre em meio à interrupção do cessar-fogo anunciado por Trump na noite desta segunda-feira (23/06) e conta, informa a RFI, com o maior esquema de segurança já implementado na Holanda, envolvendo milhares de agentes, drones, blindados e unidades de ciberdefesa.

A caminho de Haia, Trump lançou dúvidas sobre o compromisso dos EUA com o Artigo 5, cláusula que garante a defesa mútua entre os membros do bloco. “Depende da sua definição. Existem inúmeras definições do Artigo 5, você sabe disso, certo? Mas estou comprometido em ser amigo deles”, afirmou, ao ser questionado pelos repórteres antes de embarcar no avião presidencial.

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Trump divulgou em sua rede Truth Social uma mensagem do secretário-geral da OTAN, Mark Rutte. Ele o  parabeniza pela “ação decisiva no Irã” e por sua liderança na obtenção do acordo de gastos militares, afirmando que Trump está “voando para outro grande sucesso em Haia”. O magnata comparecerá apenas ao jantar oferecido pelo rei Willem-Alexander na noite desta terça e a uma reunião de trabalho nesta quarta.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, também foi convidado para o jantar, mas não participará da reunião. Na plataforma X, Rutte postou uma foto recebendo o presidente ucraniano. “É muito bom receber meu amigo Presidente @ZelenskyyUa para a cúpula da OTAN, onde os Aliados reafirmarão seu apoio inabalável à Ucrânia. Continuaremos a construir a ponte para o caminho irreversível da Ucrânia rumo à adesão à OTAN. Nossa mensagem é clara: a OTAN está com a Ucrânia”, escreveu.

“OTAN está com a Ucrânia”, afirma Rutte ao encontrar Zelenlensy
Reprodução X / @SecGenNATO

5% até 2035

A cúpula pretende discutir a dissuasão da Rússia na Guerra da Ucrânia. O secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, sustenta que Moscou, “a ameaça mais significativa e direta”, poderá estar pronta para atacar qualquer país da OTAN, em três a cinco anos.

Rutte pretende anunciar um acordo para que todos os países-membros do bloco destinem 5% de seus PIBs à defesa até 2035. Desse montante, 3,5% seriam destinados às forças armadas, equipamentos e treinamento; e 1,5% para segurança cibernética, inteligência e infraestrutura crítica.

Em entrevista ao The Guardian, Rutte disse que todos os 32 membros concordaram em aumentar os gastos com defesa porque “há muito em jogo” após a invasão da Ucrânia por Moscou. Hoje, 23 países cumprem a meta anterior de 2% do PIB.

A Espanha resiste fortemente à proposta. O primeiro-ministro Pedro Sánchez alega que a meta de 5% é incompatível com o modelo de Estado de bem-estar espanhol e que isso exigiria cortes em serviços públicos e na transição ecológica. Madri exige garantias escritas para assinar a declaração final da cúpula.

Países-membros

A primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, alertou sobre os desafios do cenário atual: “ainda há muitas pessoas acreditando ou sonhando que isso vai acabar, talvez com um cessar-fogo ou acordo de paz, [e] então voltaremos aos bons velhos tempos com a paz na Europa. E lamento dizer, não acho que seja esse o caso”. Ela criticou o prazo proposto pela OTAN: “minha sugestão foi 2030, o mais tardar”.

O ministro das Relações Exteriores da Polônia, Radosław Sikorski, reforçou que o foco deve ser ajudar a Ucrânia a derrotar a Rússia. “Putin acordou um gigante, pois agora vamos gastar dinheiro real em defesa”, afirmou. Em sua avaliação, “o dinheiro não será uma restrição”.

Já o presidente da República Tcheca, Petr Pavel, compartilhou preocupações sobre a dependência europeia dos EUA. “Por quanto tempo os EUA serão capazes de manter o mesmo nível de engajamento na Europa?”, questionou.

Em sua avaliação, os países europeus não deveriam permitir que o contexto, “em que os Estados Unidos estão frustrados com a falta de resposta dos aliados europeus, os empurre para o precipício”. Pavel, no entanto, defendeu a nova meta de 5%. Ela reflete “necessidades que estávamos negligenciando há décadas”, avalia.