O presidente da República Tcheca, Petr Pavel, afirmou, em meio a uma entrevista durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) na última segunda-feira (24/09) que chegou a hora dos ucranianos e seus aliados enfrentarem a realidade de que é improvável que recuperem todos os territórios ocupados pela Rússia.
Ocupando um cargo majoritariamente cerimonial, as opiniões de Pavel costumam estar alinhadas com o governo de centro-direita do primeiro-ministro Petr Fiala. O jornal norte-americano New York Times chamou atenção à experiência militar do presidente, que é ex-general de alta patente da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e um dos “mais firmes apoiadores” da Ucrânia.
Pavel sugeriu que a Ucrânia precisa ser “realista” sobre suas chances de reconquistar as áreas ocupadas. “O resultado mais provável da guerra é que uma parte do território ucraniano permanecerá sob ocupação russa, temporariamente”, disse para o veículo. Ele ainda acrescentou que tal ocupação temporária poderia durar anos.
Desde o fracasso da contraofensiva ucraniana, autoridades europeias passaram a discutir, reservadamente, ainda segundo o veículo, as baixas chances de a Ucrânia recuperar essas áreas. Publicamente, muitos líderes europeus mantêm a posição de que qualquer acordo com a Rússia deve ser decidido por Kiev.
O tema deve ser central na Assembleia Geral da ONU, na qual o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, deve buscar por mais apoio militar e político, além de apresentar um “plano de vitória” ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
Pavel enfatizou que nem a Ucrânia, nem a Rússia alcançarão seus objetivos máximos, e que “o desfecho será algo no meio do caminho”.
Zelensky, que anteriormente rejeitava negociações com a Rússia, suavizou sua posição, sugerindo a possibilidade de diálogos em novembro, embora mantenha a exigência de que a Rússia abandone todo o território ucraniano.
Pesquisas indicam um aumento no número de ucranianos dispostos a aceitar concessões territoriais, embora a maioria ainda se oponha. Pavel citou a ocupação soviética das nações bálticas como exemplo de ocupações temporárias, que podem durar décadas.
Por fim, Pavel destacou que os ucranianos precisam ser realistas em relação ao apoio que podem obter de governos europeus, que enfrentam pressões internas para reduzir a ajuda a Kiev.