O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou nesta quinta-feira (05/09) que a incursão ucraniana na região de Kursk, lançada em 6 de agosto, não conseguiu forçar a Rússia a “se preocupar, fazer alarde ou redistribuir” tropas do leste da Ucrânia. Este é o primeiro ataque em solo russo por uma potência estrangeira desde a Segunda Guerra Mundial.
Durante o Fórum Econômico Oriental, realizado em Vladivostok, Putin alegou que a operação da Ucrânia enfraqueceu suas próprias forças, permitindo que as tropas russas acelerassem o avanço no leste da Ucrânia. O principal objetivo de Moscou continua sendo reter o restante de Donbass, enfatizou o presidente.
“O deslocamento de forças ucranianas para Kursk não afeta nossa operação principal”, disse Putin, ressaltando que a tarefa de expulsar as tropas ucranianas de Kursk é considerada um “dever” pelos soldados russos. As informações são do Kyiv Independent.
O Comandante em chefe das Forças Armadas ucraniano, Oleksandr Syrskyi, por outro lado, afirmou que um dos objetivos da incursão era desviar as forças russas de setores cruciais em Donetsk. Ele disse que cerca de 30 mil soldados russos foram redirecionados para a região de Kursk, e esse número continua crescendo.
Apesar da movimentação, a ofensiva russa em Donetsk prossegue. Tropas russas avançaram cerca de 10 km em direção à cidade estratégica de Pokrovsk, um centro de abastecimento importante para as forças ucranianas. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, reconheceu a dificuldade na região, destacando que o avanço russo havia começado antes da operação em Kursk.
Especialistas consultados pela agência de notícias France 24 apontam que, embora a incursão em Kursk tenha forçado uma redistribuição de tropas, o impacto no front principal não foi significativo. “A Rússia está concentrando suas operações em Pokrovsk”, explicou Gustav Gressel, analista de guerra do Conselho Europeu de Relações Exteriores.
A usina nuclear de Kursk também está no radar de preocupações. Putin ameaçou retaliar caso o local fosse danificado, ressaltando que as consequências poderiam ser catastróficas para a Europa.
Enquanto isso, a Ucrânia controla cerca de 1.000 km² de território em Kursk, mas analistas questionam se essa vantagem será suficiente para forçar uma negociação favorável a Kiev.
Embora Zelensky tenha afirmado que a incursão faz parte do “plano de vitória” da Ucrânia, o avanço russo em Donetsk mostra que Moscou não está disposta a renunciar a suas conquistas.
A ofensiva russa continua sendo o foco principal de Moscou, enquanto a Ucrânia enfrenta dificuldades para manter seus ganhos em território russo.