Quarta-feira, 14 de maio de 2025
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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou nesta segunda-feira (28/04) um cessar-fogo de três dias na Ucrânia a partir de 8 de maio e pediu o mesmo para Kiev. Em comunicado, o Kremlin destacou que a trégua nos ataques foi determinada por “razões humanitárias”, mas também para marcar o 80º aniversário do Dia da Vitória, quando a União Soviética venceu a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial.

“O cessar-fogo durará da meia-noite entre 7 e 8 de maio até à meia-noite entre 10 e 11 de maio”, afirmou a nota do governo russo, esclarecendo que a decisão veio do “comandante supremo das Forças Armadas da Rússia, Vladimir Putin” que “mais uma vez [mostra] a sua disponibilidade para negociações de paz sem condições prévias, visando eliminar as causas profundas da crise ucraniana e criar uma interação construtiva com os parceiros internacionais”.

Moscou ainda alertou que em caso de violação da trégua por parte da Ucrânia, haverá uma resposta “adequada e eficaz” das forças russas contra as tropas inimigas. 

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A última vez que Putin havia anunciado um cessar-fogo temporário foi na véspera da Páscoa. A trégua entrou em vigor em 19 de abril e durou até 21 de abril. Entretanto, o Ministério da Defesa da Rússia confirmou que os militares ucranianos violaram a trégua “4.900 vezes”, detalhando que o exército inimigo atacou posições russas, bem como instalações civis nas áreas fronteiriças das regiões de Belgorod, Bryansk, Kursk e Crimeia.

Presidente da Rússia, Vladimir Putin determina trégua de três dias na Ucrânia, entre 8 e 11 de maio, no marco do 80º aniversário do Dia da Vitória
Gavriil Grigorov/Gabinete de Informação e Imprensa Presidencial da Rússia/TASS

Ao mesmo tempo, o mandatário dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou nesta segunda-feira à imprensa norte-americana que está “desiludido” com seu homólogo russo, acusando-o de ter atacado a Ucrânia sem chegar a um acordo, e acrescentou ainda que Volodymyr Zelensky “quer um acordo” e pode até vir a “ceder a Crimeia” a Moscou. No sábado (26/04), o magnata teve um encontro frente a frente com seu homólogo ucraniano às margens do funeral do papa Francisco no Vaticano.

“Zelensky está mais calmo. Ele está fazendo um bom trabalho e quer um acordo”, disse o republicano em reportagem publicada pela imprensa dos EUA, acrescentando que seu encontro com Zelensky na Praça São Pedro “foi bom” e que seu interlocutor lhe “pediu mais armas”.

“Ele me disse que precisa de mais armas, mas ele fala isso há três anos. Vamos ver o que acontece”, afirmou Trump.

Questionado se Zelensky estaria disposto a “entregar a Crimeia” definitivamente à Rússia, o mandatário de Washington respondeu: “Acredito que sim”.

“A Crimeia foi cedida anos atrás, sem um tiro disparado. Perguntem sobre isso a Obama [ex-presidente dos EUA que governou o país quando a Rússia tomou a Crimeia em 2014]”, afirmou.

Rússia pronta para negociações

Em resposta ao questionamento de Trump sobre a disposição russa de cessar os confrontos na Ucrânia, Moscou reforçou sua prontidão para conduzir as negociações de paz com a Ucrânia “sem quaisquer pré-condições”.

No entanto, de acordo com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, as reivindicações sobre cinco regiões ucranianas, incluindo a Crimeia, são “imperativas” para negociações destinadas a resolver o conflito.

“O reconhecimento internacional da propriedade da Rússia sobre a Crimeia, Sebastopol, República Popular de Donetsk, República Popular de Luhansk, regiões de Kherson e Zaporizhzhia é imperativo”, disse o chanceler ao jornal brasileiro O Globo. Na entrevista, Lavrov também revelou que a bola “não estava do nosso lado” enquanto tentava pressionar Kiev a fazer concessões para progredir no acordo.

“Continuamos abertos às negociações. Mas a bola não está do nosso lado. Até agora, Kiev não demonstrou sua capacidade de negociação”, afirmou o diplomata.

(*) Com Ansa e TASS