O presidente russo, Vladimir Putin, declarou que o ataque com mísseis de médio alcance contra a Ucrânia nesta quinta-feira (21/11) foi uma resposta aos ataques com mísseis ocidentais de longo alcance ATACMS e Storm Shadow por parte da Ucrânia.
De acordo com ele, o ataque contra a cidade de Dnipro foi feito com uma ogiva não nuclear do mais recente sistema de mísseis “Oreshnik”. “Os testes foram bem sucedidos. O objetivo do lançamento foi alcançado”, disse Putin.
A declaração ocorreu durante um pronunciamento de emergência à população transmitido pela televisão russa e divulgado pelos canais oficiais do Kremlin. Durante o discurso, Putin acusou os EUA de “destruírem o sistema de segurança internacional e empurrar o mundo para um conflito global”.
“Gostaria de informar o conjunto das Forças Armadas da Federação Russa, os cidadãos do nosso país, os nossos amigos em todo o mundo, bem como aqueles que continuam a alimentar ilusões sobre a possibilidade de infligir uma derrota estratégica à Rússia, sobre os eventos que estão ocorrendo hoje na zona da Operação Militar Especial, nomeadamente após o uso em nosso território de armas de longo alcance de fabricação ocidental”, disse Putin no início do seu seu discurso.
“Continuando o curso de escalada do conflito provocado pelo Ocidente na Ucrânia, os EUA e os seus aliados da Otan anunciaram anteriormente que estavam dando permissão para usar os seus sistemas de armas de precisão de longo alcance no território da Federação Russa”, continuou.
Ao comentar a recente autorização dos EUA para a Ucrânia ampliar os ataques contra o território russo, o líder russo afirmou que “o conflito na Ucrânia adquiriu elementos globais após ataques de mísseis ocidentais de longo alcance contra a Rússia”.
“É impossível usar armas de longo alcance em todo o território russo sem especialistas dos países onde foram fabricadas, isso é sabido”, disse Putin.
O chefe de Estado lembrou que a Rússia identificou e confirmou que, nos dias 19 e 21 de novembro, seis mísseis ATACMS e sistemas Storm Shadow atingiram alvos nas regiões russas de Kursk e Bryansk. Neste contexto, Putin disse que a Rússia “tem o direito de usar armas contra instalações militares de países que permitem o uso das suas armas contra a Federação Russa”.
“A questão da implantação adicional de mísseis de médio e curto alcance será decidida por nós dependendo das ações dos Estados Unidos e dos seus satélites. Determinaremos os alvos de destruição durante mais testes dos nossos mais novos sistemas de mísseis com base nas ameaças à segurança da Federação Russa”, disse Putin.
O mandatário russo completou ainda disse que o país tem “o direito de usar as nossas armas contra alvos militares dos países que permitem que as suas armas sejam usadas contra os nossos alvos” e que Moscou está pronta para resolver todas as questões de forma pacífica, mas também está pronta para reagir a quaisquer “desenvolvimentos”.
“Gostaria de enfatizar mais uma vez que não foi a Rússia, mas os EUA que destruíram o sistema de segurança internacional. E, ao continuar lutando e agarrando-se à sua hegemonia, está empurrando o mundo inteiro para um conflito global. Sempre preferimos e estamos prontos agora para resolver todas as questões controversas por meios pacíficos, mas também estamos prontos para qualquer desenvolvimento de acontecimentos. Se alguém ainda duvida disso, é em vão – a resposta sempre acontecerá”, completou.
Escalada da guerra
O uso de armamentos inéditos na guerra da Ucrânia por parte da Rússia aconteceu após a notícia de que os EUA, depois de meses de espera por Kiev, autorizaram a Ucrânia a atacar a Rússia com mísseis estadunidenses de longo alcance. Moscou classificou a decisão como uma “nova rodada de tensão”.
Na última terça-feira (19/11), o Ministério da Defesa russo confirmou que as Forças Armadas Ucranianas lançaram um ataque com seis mísseis balísticos ATACMS contra uma instalação na região de Bryansk.
Paralelamente, o presidente russo, Vladimir Putin, aprovou na terça-feira a nova doutrina nuclear atualizada da Rússia. O documento afirma que a Rússia se reserva o direito de usar armas nucleares em resposta ao uso de armas de destruição em massa contra o país ou seus aliados. Na prática, a ideia implica em uma flexibilização dos termos que possibilitam um ataque nuclear por parte da Rússia.