Sexta-feira, 11 de julho de 2025
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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse nesta quinta-feira (19/12) que está pronto para conversar com Donald Trump, mandatário eleito nos EUA, para discutir um plano de paz para dar fim ao conflito com a Ucrânia.

Putin afirmou que a operação militar na Ucrânia fortaleceu a economia e as Forças Armadas russas, mas que não negociaria com o presidente ucraniano porque “seu mandato já terminou”.

Isso porque a Ucrânia adiou as eleições que aconteceriam neste ano por causa da guerra.

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Tudo isso foi dito na tradicional coletiva de dezembro na qual Putin responde a dezenas de perguntas de jornalistas russos, correspondentes e algumas de cidadãos que as enviam online.

A coletiva este ano, como era de se esperar, teve como grande tema foi a guerra na Ucrânia, embora inflação e economia interna também tenham sido tratados.

Sobre um plano de paz, Putin já havia sinalizado que estava aberto a discutir com Trump um acordo de cessar-fogo desde que Kiev desistisse de aderir à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

O presidente russo também descartou fazer grandes concessões sobre as áreas que já conquistou da Ucrânia.

Nesta quinta-feira, disse que as negociações devem ter como ponto de partida o acordo preliminar elaborado por russos e ucranianos reunidos em Istambul, nas primeiras semanas de guerra.

Rússia controla 20% da Ucrânia

Atualmente, a Rússia controla cerca de 20% do território da Ucrânia. Só este ano, suas tropas avançaram milhares de quilômetros quadrados e agora se aproximam de cidades estratégicas como Pokrovsk, importante centro rodoviário e ferroviário.

Na coletiva, Putin disse que era “difícil e inútil adivinhar” o que irá ocorrer, “mas estamos avançando em direção à solução de nossas tarefas principais, as que delineamos no início da operação militar especial”.

Quando as tropas russas entraram na Ucrânia o objetivo era impedir o país de aderir à OTAN e anexar quatro regiões que tem a maioria da população russófona.

Kremlin/Fotos públicas
Putin falou sobre paz em tradicional coletiva de fim de ano

Mas apesar de dizer que a guerra fortaleceu a Rússia, Putin fez alguma autocrítica durante a coletiva.

Disse que deveria ter enviado antes as tropas para a Ucrânia e se preparado melhor. “Começamos os eventos de 2022 sem nenhuma preparação…Se soubéssemos antes o que aconteceria, deveria ter havido uma preparação sistêmica”.

Ao ser questionado sobre o ceticismo ocidental com relação ao Oreshnik – o novo míssil hipersônico russo com capacidade nuclear -, Putin foi desafiante e brincou dizendo que está pronto para um “duelo tecnológico” com o míssil.

A Rússia usou esse míssil contra a Ucrânia em novembro, depois que Kiev a atacou pela primeira – e com autorização ocidental – com mísseis balísticos britânicos e norte-americanos de médio alcance (250 a 560 quilômetros).

Na época, fontes dos EUA e Reino Unido disseram acreditar que se tratava de um míssil experimental que, embora tivesse capacidade nuclear, teria possivelmente um alcance máximo de 5,5 mil quilômetros.

Isso seria suficiente para atingir a Europa, mas não os EUA.

Na coletiva, um dos jornalistas perguntou se o Oreshnik não poderia ser interceptado pelos sistemas antimísseis ocidentais.

Putin respondeu dizendo que o artefato poderia derrotar qualquer sistema de mísseis norte-americanos e sugeriu uma experiência.

“Deixem que os EUA entreguem o seu avançado sistema antimísseis THAAD à Ucrânia e fazemos a experiência”.

Bases russas na Síria

Putin disse ainda que a Rússia fez propostas aos novos governantes da Síria sobre as bases militares russas no país e que a maioria dos interlocutores sírios com quem seu governo discutiu o assunto eram favoráveis a permanência das bases.

Segundo ele, a Rússia ainda não havia decidido o assunto, mas que os rumores sobre o fim da influência russa no Oriente Médio eram exagerados.

Zelensky pede ajuda para enfrentar o pós-guerra

Enquanto Putin fazia sua coletiva nesta quinta-feira (19/12), Volodymyr Zelensky já estava focado em pedir proteção externa para o seu país depois do fim da guerra.

Discursando numa reunião de cúpula da União Europeia (UE), ele solicitou a esses países que protejam a Ucrânia depois do cessar-fogo, mas frisando não seria suficiente sem o apoio dos EUA.

“Apoiamos a iniciativa da França de manter um contingente militar na Ucrânia como parte dessas garantias para a nossa segurança e pedimos que outros parceiros se juntem a esse esforço. Isso ajudará a por fim à guerra”, disse Zelensky nessa reunião, segundo texto publicado por ele em seu site.

Ele voltou a insistir na necessidade de filiação à OTAN para garantir a segurança da Ucrânia.

Mas a aliança militar, embora tenha dito que a Ucrânia um dia se juntará a ela, não definiu data nem formalizou convite.