A região fronteiriça russa de Belgorod decretou estado de emergência nesta quarta-feira (14/08) devido à intensificação das operações ucranianas, que prosseguem com sua ofensiva na área vizinha de Kursk, onde reivindicaram o controle de 74 localidades.
Pela plataforma Telegram, o governador de Belgorod, Vyacheslav Gladkov, confirmou que casas foram destruídas e civis foram mortos em decorrência das agressões das tropas lideradas pelo presidente ucraniano Volodymyr Zelensky na região, tratando-se de uma situação “extremamente difícil” para a população local.
“Para garantir maior proteção à população e prestar apoio adicional às vítimas, o estado de emergência será instaurado na região a partir de quarta-feira”, informou.
Em quase dois anos e meio de guerra, Kiev tenta levar o conflito para dentro da Rússia. Na semana passada, as tropas ucranianas iniciaram uma operação em larga escala na região de Kursk. Já Belgorod, como está localizado na fronteira com a Ucrânia, tem sido alvo constante de ataques desde o início do conflito.
Contra-ataque russo
O Ministério da Defesa da Rússia relatou ainda nesta quarta-feira que um veículo blindado de fabricação italiana foi destruído em uma contraofensiva às forças ucranianas que avançam sobre a região de Kursk.
“Uma unidade de reconhecimento identificou um veículo de combate blindado multiuso sobre rodas e de fabricação italiana. O alvo descoberto foi destruído”, disse o governo russo em mensagem publicada pelo Telegram.
O veículo em questão é do modelo MLS Shield, produzido pela empresa italiana Tekne. O ataque contra o dispositivo inimigo foi executado por um drone kamikaze Lancet.
Combates intensos
Na terça-feira (13/08), o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, admitiu “combates difíceis e intensos” em Kursk, informando que “74 povoados estão sob o controle da Ucrânia” e alegando que centenas de militares russos foram presos.
De acordo com o comandante do Exército da Ucrânia, Oleksander Syrsky, as tropas avançaram até três quilômetros em algumas áreas em um dia, tomando o controle de mais de 40 km². Na segunda-feira (12/08), Kiev havia anunciado ter assumido 1.000 km² do território russo ao todo.
Embora o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores ucraniano, Georgiy Tykhy, tenha declarado que as operações militares não têm a intenção de anexar “nenhum território da região de Kursk” e que se dispõe a cessar os ataques quando Moscou aceitar uma “paz justa”, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou que o governo de Zelensky segue rejeitando “nossas propostas para retomar o plano de paz”.
“É claro que as negociações não têm sentido enquanto a Ucrânia ataca civis”, criticou Putin, indicando que o objetivo ucraniano é “semear a discórdia e assustar a sociedade russa”.
Incursão em Kursk
Em 6 de agosto, as Forças Armadas Ucranianas lançaram um ataque massivo, com pelo menos 2 mil combatentes, à região russa de Kursk.
Segundo o governador em exercício da região, Alexei Smirnov, um total de 12 civis foram mortos pelas tropas ucranianas, e 121 ficaram feridos, incluindo 10 crianças.
Diante disso, o representante permanente adjunto da Rússia nas Nações Unidas, Dmitri Polianski, declarou que a escolha ucraniana de ataque foi “inequívoca a favor da escalada e de novas hostilidades”.
“Esta é a melhor refutação para todos os nossos parceiros internacionais que têm afirmado que o regime de Kiev está inclinado para uma solução pacífica para a crise ucraniana. A resposta chegou e é uma escolha inequívoca a favor da escalada e da ação militar”, declarou.
Polianski sublinhou que a tentativa de ataque a Kursk foi “uma manobra da qual a Ucrânia sem dúvida se arrependerá amargamente”.
“Aqueles que esperavam que este ataque bárbaro semeasse a discórdia entre os russos e os assustasse estão cometendo um erro fatal. Este ato criminoso apenas fortaleceu a nossa sociedade e mostrou a verdadeira face do nosso inimigo, que nada merece mais do que derrota completa e destruição incondicional”.
(*) Com Ansa e RFI