Reino Unido e França querem intervir na guerra enviando 30 mil soldados a Kiev
Proposta europeia prevê fortalecer defesa aérea e marítima; Rússia rejeita
O Reino Unido e a França estão trabalhando na elaboração de um plano para criar uma “força de segurança” europeia que tem como objetivo impedir ataques futuros a infraestruturas críticas da Ucrânia. A informação foi inicialmente concedida pela mídia britânica, incluindo veículos como The Guardian e The Telegraph, nesta quinta-feira (20/02). Segundo os jornais locais, essa força só se estabeleceria, porém, após a conclusão do acordo de paz que está sendo negociado com a mediação dos Estados Unidos.
A ideia inicial é que esta força envolveria cerca de 30 mil soldados, que não ficariam perto da fronteira leste do país, mas concentrados na defesa aérea e marítima. Uma das principais funções dessa força seria garantir a segurança do funcionamento de portos e aeroportos do país para voos e navios comerciais. Nos portos, a preocupação central é garantir o comércio marítimo no Mar Negro, vital para as exportações de alimentos e grãos da Ucrânia.
Outra prioridade dessa “força de segurança” seria preservar a integridade do abastecimento elétrico e outros serviços públicos que foram muito bombardeados pela Rússia e são considerados essenciais para a reconstrução do país.
Essa força de segurança europeia é pequena se comparada aos 100 mil ou 150 mil soldados que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky pediu para formar uma “força de dissuasão”. Mas os exércitos europeus são modestos e o novo secretário de Defesa dos Estados Unidos descartou e envio de tropas norte-americanas, a despeito de o vice-presidente Devon ter dito que seria uma possibilidade, caso as negociações de paz não prosperassem.
“Backstop” dos EUA é pré-condição
Entretanto, o plano europeu que está sendo esboçado pela França e o Reino Unido tem como pré-condição que os Estados Unidos forneçam um “backstop” para essa força europeia. Esse apoio poderia estar baseado na Polônia e na Romênia.
O assunto deve estar na pauta da reunião confirmada para a semana que vem em Washington entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, e o presidente francês, Emmanuel Macron.

O primeiro-minitro do Reino Unido Keir Starmer
A Rússia, entretanto, já declarou que não aceitaria nenhuma presença na Ucrânia de forças militares de qualquer país vinculado à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), depois do fim da guerra. “Forças da OTAN sob qualquer bandeira seriam inaceitáveis para nós”, disse o ministro de Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov na terça-feira (18/02).
Por isso mesmo, as autoridades ocidentais descartaram posicionar forças europeias no leste da Ucrânia. Eles pretendem manter a política que prevaleceu durante a guerra de manter a OTAN fora de qualquer possibilidade de entrar em combate com Moscou. Vale lembrar que um dos principais motivos da invasão da Ucrânia foi justamente a insistência desse país ingressar na União Europeia e na OTAN.
Norte-americanos são principal fornecedor de armas
França e Reino Unido dizem que o trabalho está em “fase de conceito”, com os militares elaborando propostas que depois seriam analisadas pelos políticos europeus para, finalmente, serem colocadas na mesa das negociações de paz.
Como a Ucrânia ainda está recebendo os últimos envios de armas aprovados pelo ex-presidente norte-americano Joe Biden – antes da suspensão determinada por Trump -, a Europa avalia que pode garantir sua segurança por algum tempo.
Segundo o ministério da defesa ucraniano, cerca de 20% de suas armas vem dos Estados Unidos, 55% são de fabricação própria e 25% vem da Europa. Outras fontes mencionadas da mídia europeia, entretanto, dizem que o país produz apenas um terço do próprio armamento e que quase 60% do que é importado provém da ajuda militar norte-americana.
