Reino Unido e União Europeia endurecem sanções contra Rússia
Pressão sobre Moscou aumenta após conversa inconclusiva entre Trump e Putin; Kremlin diz não haver prazo para apresentação de proposta formal de negociação
Após a ligação considerada improdutiva entre os presidentes Donald Trump e Vladimir Putin, o Reino Unido e a União Europeia anunciaram novas e severas sanções contra a Rússia nesta terça-feira (20).
As medidas, que miram setores estratégicos da economia russa, foram interpretadas como uma resposta direta à ausência de avanços rumo a um cessar-fogo na guerra na Ucrânia.
As sanções britânicas atingem dezenas de organizações envolvidas na sustentação do esforço de guerra russo, incluindo instituições financeiras, empresas do setor energético e veículos de propaganda.
“Essas entidades fornecem o suporte necessário à máquina militar de Putin e devem ser responsabilizadas”, declarou o Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido.
A chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, também anunciou restrições à chamada “frota sombra” russa — cerca de 200 navios utilizados para driblar embargos comerciais — e prometeu novas rodadas de sanções.
“Enquanto Moscou prolongar este conflito, nossa resposta será cada vez mais contundente”, publicou em sua conta oficial na rede X (antigo Twitter).

Ministério da Defesa da Ucrânia
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, reforçou que negociações são bem-vindas, mas só terão valor se houver propostas “realistas e concretas” na mesa. “Sanções funcionam, e agradecemos a todos que contribuem para torná-las mais efetivas contra os responsáveis por esta guerra”, afirmou.
Recuo de Trump
Segundo uma fonte ouvida pelo Financial Times, Trump informou líderes de sete nações e da Comissão Europeia que não pretende aumentar a pressão sobre o governo russo.
Ele deixou claro que “não está pronto para colocar mais pressão” sobre a Rússia, disse uma fonte não identificada ao FT.
Entre os interlocutores estavam representantes da Ucrânia, Finlândia, França, Alemanha, Itália, Reino Unido e a própria Comissão Europeia. Diplomatas europeus viram a decisão de Trump, de não intensificar as sanções contra Moscou, como uma concessão estratégica ao Kremlin.
Durante coletiva de imprensa, Trump disse que “as condições do cessar-fogo devem ser discutidas diretamente entre Kiev e Moscou”. Um sinal de recuo em relação à exigência de um cessar-fogo imediato feita por ele anteriormente.
Negociações
Embora cercado de expectativas, o telefonema entre Trump e Putin, que durou duas horas na noite de segunda-feira, terminou sem avanços concretos.
Putin reiterou suas exigências históricas, enquanto Trump limitou-se a relatar uma “conversa excelente”, sem mencionar compromissos firmes. O Kremlin afirmou que não há prazo para apresentar uma proposta formal de negociação. “Todos querem avançar, mas o diabo está nos detalhes”, afirmou o porta-voz Dmitry Peskov.
Na última sexta-feira (16/05), delegações de negociadores da Rússia e da Ucrânia se reuniram em Istambul, para discutir perspectivas de resolução da guerra. Foi a primeira negociação direta entre representantes de Moscou e Kiev desde março de 2022.
Após dias de impasse sobre o formato da reunião, o encontro terminou sem grandes resultados sobre cessar-fogo, tendo como único acerto concreto uma troca de prisioneiros.
Com RT e The Guardian.
