A Rússia declarou que sua operação militar especial, como é chamada a guerra na Ucrânia, continuará enquanto o que chamou de “crise ucraniana” não for solucionada pacificamente pelo Ocidente.
O embaixador russo na ONU, Vasily Nebenzya, durante seu discurso na reunião do Conselho de Segurança, considerou a impossibilidade de encontrar “uma solução justa e estável” para essa crise, fundamentada “no nacionalismo, no nazismo e outras manifestações de discriminação”.
Sem mencionar o governo do presidente Volodymyr Zelensky, o representante russo criticou o desrespeito ucraniano “aos direitos e às liberdades fundamentais de todos, sem distinção de raça, sexo, idioma ou religião”.
“Sempre respeitamos os ucranianos, eles são um povo fraterno com o qual temos laços históricos inquebráveis. Mas se o Ocidente não permitir que nos livremos desse tumor cancerígeno, que é o atual regime de Kiev, de forma pacífica, continuaremos nossa operação militar especial até que suas tarefas sejam resolvidas militarmente”, disse Nebenzya.
O diplomata ainda enfatizou que a Rússia “sempre esteve pronta para viver em paz com a Ucrânia até que ela se transformou em um estado russófobo neonazista com planos de se juntar ao bloco militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN)”.
Nebenzya também pediu a Kiev que adotasse uma postura sensata em relação a uma solução de longo prazo para a crise “o mais rápido possível”, em vez de pensar em “planos de vitória” irrealistas.
A declaração do embaixador russo vem após Zelensky discursar no Conselho de Segurança contra as negociações com Moscou para resolver o conflito na Ucrânia.
Além disso, em seu discurso, defendeu novamente a sua “fórmula de paz” para resolver a situação, que envolve segurança nuclear, inexistência do poder de veto no Conselho, no qual a Rússia é votante, e “não aceitar um acordo de paz imposto”.
O mandatário ucraniano ainda teceu uma série de críticas voltadas a propostas de paz apresentadas por países como China e Brasil, durante sua fala na 79ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta quarta-feira (25/09).
Segundo ele, tais iniciativas “ignoram” o sofrimento do povo ucraniano, e ofereceriam espaço político para que o presidente russo, Vladimir Putin, prolongasse o conflito.
“Quando alguns propõem alternativas, planos de solução meia-boca, chamados de conjuntos de princípios — isso não apenas ignora os interesses e o sofrimento dos ucranianos, que são os mais afetados pela guerra, como também ignora a realidade, dando a Putin espaço político para continuar a guerra e pressionar o mundo para trazer mais nações sob controle”, afirmou o ucraniano, que não citou diretamente as nações envolvidas.
A China e o Brasil têm tentado apresentar propostas de paz. Para Zelensky, as iniciativas representam esforços para alcançar uma pausa no conflito, e não um término definitivo. Ele ainda especulou que qualquer tentativa paralela ou alternativa de buscar paz seria, na verdade, uma tentativa de alcançar uma “trégua” temporária, ao invés de uma solução definitiva para o conflito.
(*) Com Sputnik