Sexta-feira, 11 de julho de 2025
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A poucas semanas da guerra na Ucrânia completar três anos de duração, a criação de um ambiente para negociações de paz não parece próxima. Enquanto a Rússia considera a proposta brasileira e chinesa para solucionar o conflito, Kiev se aproxima dos planos norte-americanos para tal.

Em entrevista à Sputnik, o embaixador russo na ONU, Vasily Nebenzya, declarou que Moscou pondera as propostas do Grupo Amigos da Paz, iniciativa de Brasília e Pequim, para colocar fim à guerra.

“Consideramos as atividades do grupo um sinal para toda a comunidade internacional e, em primeiro lugar, para os países ocidentais, de que as abordagens unilaterais e tendenciosas que eles impõem à crise ucraniana são inaceitáveis”, disse Nebenzya.

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A Rússia acena positivamente à criação da plataforma, na contramão de propostas de paz que promovem apenas o interesse de países ocidentais.

Dentre essas propostas, os aliados de Kiev já organizaram diversas reuniões para debater uma solução no conflito, como a conferência Copenhague-Ucrânia 2022 e a Cúpula de Paz para Ucrânia no resort suíço de Burgenstock de 2024. Contudo, a Rússia não foi convidada para nenhum desses eventos.

Na opinião do embaixador russo, tais conferências ignoram descaradamente a posição da Rússia e a situação “no terreno”, além de terem como objetivo “diluir o papel dos países da maioria global na resolução da crise ou excluí-la completamente”.

Em crítica ao governo do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, o representante russo ressaltou que é “fundamentalmente importante” para a Rússia que os possíveis acordos de paz com Kiev sejam assinados por uma liderança ucraniana legítima.

Nebenzya refere-se ao fato de que o mandato do atual líder ucraniano expirou em 20 de maio de 2024, uma vez que a eleição presidencial na Ucrânia em 2024 foi cancelada sob o pretexto da guerra.

Além disso, Zelensky proibiu efetuar negociações com o presidente russo Vladimir Putin, emitindo um decreto sobre isso ainda em 2022.

“Esses fatores podem dificultar o processo de negociação e a fixação de seus resultados. Se as negociações forem ilegítimas, então os seus resultados posteriormente poderão ser declarados legalmente inválidos”, explicou o representante da Rússia na ONU.

Nebenzya defendeu, assim, que a Rússia é a favor da “paz, não de um cessar-fogo” no contexto da crise ucraniana. A solução, segundo ele, deve considerar os interesses e condições propostas por Moscou.

Volodymyr Zelensky/X
Guerra na Ucrânia completa três anos em 24 de fevereiro

Zelensky aceita planos de Trump, mas com condições

Assim, em uma possível única concordância entre as posições russa e ucraniana, Zelensky afirmou nesta segunda-feira (10/02) que “um conflito congelado levará a mais agressões de novo e de novo”, rejeitando a repetição de acordos de paz anteriores que não levaram ao fim da guerra.

Deste modo, declarou que estaria pronto para negociar os planos do governo dos Estados Unidos, sob a Presidência do republicano Donald Trump, para encerrar a guerra.

Contudo, o presidente ucraniano estipulou uma exigência para sentar à mesa das negociações: a garantia de que os Estados Unidos e a Europa “não abandonem seu país”, em meio a ameaças de redução da ajuda militar a Kiev.

Em dezembro passado, o Trump afirmou que não vai “abandonar” a Ucrânia, mas se opôs ao uso de mísseis de longo alcance dos EUA por Kiev para atacar a Rússia.

“Se eu soubesse que os Estados Unidos e a Europa não nos abandonarão e nos darão garantias de segurança, estaria pronto para qualquer formato de diálogo”, afirmou ele ao canal de TV britânico ITV, citado pelo jornal The Guardian.

A declaração foi dada em entrevista após o telefonema entre Trump e Putin, sobre o fim do conflito deflagrado contra o território ucraniano.

À emissora, Zelensky enfatizou que a Ucrânia não quer repetir acordos de paz e negociações que não produziram resultados nos anos que antecederam a invasão em grande escala de Moscou em fevereiro de 2022.

“Se houver garantias de segurança, então podemos falar sobre o fim da ‘fase quente’ da guerra”, disse o líder ucraniano, enfatizando a necessidade de “entender que precisamos saber exatamente como essa guerra vai acabar” e “que estamos todos do mesmo lado que os Estados Unidos e a Europa”.

Segundo Zelensky, Trump “não precisa apenas acabar com a guerra, mas precisa agir para que Putin não tenha mais nenhuma chance de travar uma guerra” com a Ucrânia.

(*)Com Ansa e Sputnik