A Rússia realizou um ataque em larga escala à infraestrutura energética da Ucrânia nesta sexta-feira (13/12), como retaliação à operação realizada pelo país vizinho contra um aeródromo russo, na última quarta-feira (11/12), usando mísseis norte-americanos de longo alcance.
Os danos causados pelo ataque russo desta sexta obrigarão algumas regiões ucranianas a ampliar os horários de corte de energia há poucos dias do inverno.
Ao mesmo tempo, o Exército russo informou que avança rapidamente na região do Donbas e já se encontra a cerca de 1,5 quilômetros da estratégica cidade de Pokrovsk.
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Caso a Rússia consiga tomar a cidade, poderá cortar o abastecimento das tropas ucranianas na região.
O ataque ao setor energético foi o maior e mais amplo dos 12 realizados pela Rússia desde o início da guerra, há 34 meses. Foram usados 93 mísseis e quase 200 drones durante a operação.
Cortes de energia se ampliarão
Nesta mesma sexta-feira, as forças russas promoveram explosões no porto de Odessa, no Mar Negro e em diversas cidades do oeste da Ucrânia. Segundo a Ucrânia, suas defesas aéreas interceptaram 81 dos mísseis, 11 deles abatidos por caças.
Os ataques se intensificaram desde o mês passado, o que vem causando cortes de energia cada vez mais frequentes para milhões de pessoas. O fato de que essas interrupções acontecem durante o chamado “pré-inverno”, quando as temperaturas na região chegam a seis graus negativos, tornam esse fator mais relevante, do ponto de vista estratégico.
Desta vez, o ataque visou subestações de energia e mais infraestrutura de gás do que os anteriores. Diversos equipamentos de usinas termelétricas da DTEK, maior fornecedora privada de energia da Ucrânia, foram danificados.
Além disso, cinco das nove centrais nucleares em operação na Ucrânia tiveram que reduzir sua produção, segundo a Agência Internacional de Energia Atômica.
Autoridades ucranianas disseram que os ataques obrigaram a ampliar os horários de cortes de energia.
Depois do ataque, o governo de Kiev reforçou os apelos para que os países ocidentais lhes forneçam novos sistemas de defesa antiaérea.
Ataques sem vítimas
“Reitero meu apelo para a entrega urgente de 20 sistemas de devesa aérea NSAMS, HAWK ou IRIS-T”, escreveu na rede X o Ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybiha.
Além de uma pessoa que sofreu ferimentos leves, não há informações sobre vítimas fatais dos ataques.
Segundo o ministério de Defesa russo, a operação foi uma retaliação pelo uso de mísseis de longo alcance pela Ucrânia e não visaram civis, apenas “instalações críticas da infraestrutura ucraniana de combustíveis e energia que apoiam o complexo militar-industrial”.
A poucos metros de Pokrovsk
Ao mesmo tempo, as tropas russas estão a 1,5 quilômetro ao sul de Pokrovsk e alguns grupos avançados de reconhecimento e sabotagem já entraram no centro rodoviário e ferroviário da cidade, informou a Reuters nesta sexta-feira (13/12), com base no relato de blogueiros de guerra ucranianos pró-Rússia.
Como a entrada da mídia está restrita na região, os blogueiros se tornaram fonte importante. No caso, suas informações parecem consistentes pois, na quarta-feira (11/12), o exército ucraniano informou que as tropas russas haviam destruído ou capturado diversas posições ucranianas perto de Pokrovsk.
Uma cidade estratégica
Conquistar Pokrovsk permitirá aos russos interromper as linhas de suprimento do exército ucraniano na frente oriental, o que significaria uma das maiores perdas militares dos últimos meses para a Ucrânia. Sem acesso à rede rodoviária da região, as tropas de Kiev teriam dificuldade para manter os bolsões de território que ocupam em ambos lados da cidade.
Para os russos, por outro lado, conquistar a cidade facilitaria a tomada de Chasiv Yar que, cidade localizada em terreno alto que possibilitaria controlar uma ampla área. Ałém disso, a cidade abriga uma mina que é a única fornecedora nacional de carvão metalúrgico da Ucrânia.