A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, declarou nesta quarta-feira (28/08) que a Rússia “não manterá nenhuma negociação” com a Ucrânia após os ataques contra a região fronteiriça de Kursk.
Segundo a agência russa de notícias TASS, a representante declarou que o presidente Vladimir Putin, apresentou em junho passado “propostas bastante realistas para um acordo justo e de longo prazo”.
No entanto, em vez do mandatário ucraniano, Volodymyr Zelensky, “considerar seriamente, realizou um ataque terrorista sangrento na região de Kursk e contra seus moradores”.
“Estão cometendo atrocidades, atirando em civis e voluntários, atingindo infraestrutura civil, alvejando jornalistas e colocando em risco instalações de energia nuclear. Que tipo de negociações de paz podem haver sob tais condições?”, questionou Zakharova.
A porta-voz ainda enfatizou que a Ucrânia comete tais atos em Kursk “com a total conivência do Ocidente”, alegando que Kiev e seus aliados, os Estados Unidos e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) “não precisam de um acordo, mas estão interessados em causar máximo de dano à Rússia”.
A Rússia ainda rejeitou, também nesta quarta-feira (28/08), as declarações do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, sobre um plano para acabar com o conflito entre os dois países, alegando que “não há bases para negociações” para um acordo pacífico neste momento.
A resposta de Moscou veio após o mandatário da Ucrânia dizer, na última terça-feira (27/08), que apresentaria seu plano — cujos detalhes completos não foram divulgados publicamente — ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, segundo a agência de notícias Reuters.
“Esta não é a primeira vez que ouvimos tais declarações de representantes da Ucrânia. Estamos cientes da natureza deste regime de Kiev. Continuamos nossa operação militar especial e alcançaremos todos os nossos objetivos”, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a repórteres quando questionado sobre o “plano de Zelensky”.
O representante russo ainda disse que era “mais do que óbvio” a falta de base para negociações com a Ucrânia, referindo-se ao momento em que os dois países se enfrentam em campo de batalha após a ofensiva de Kiev contra a região fronteiriça de Kursk em 6 de agosto.
O ataque ucraniano contou com cerca de 12 mil soldados, entre eles tropas ucranianas e estrangeiros, segundo as Forças Armadas da Rússia, o que fez com que a região fosse submetida a um estado de emergência.
De acordo com Moscou, as tropas ucranianas tinham como objetivo tomar instalações estratégicas na região de Kursk e em parte da região de Belgorod. A liderança da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) contava que as tropas ucranianas conseguiriam ocupar um território significativo junto com muitas instalações estratégicas para impor condições à Rússia.
Os ataques foram defendidos pelo presidente ucraniano Volodymyr Zelensky com a afirmação de que a Rússia precisava “sentir” as consequências da guerra. Por sua vez, o presidente russo, Vladimir Putin, acusou Kiev de lançar uma provocação em grande escala, e disse que as tropas ucranianas bombardearam regiões russas indiscriminadamente, disparando contra infraestruturas civis e ambulâncias.
Em balanço, o Ministério de Emergências da Rússia declarou que mais de 11.500 pessoas, incluindo 3.500 crianças, estão hospedadas em centros de acomodação temporária a fim de evacuar as áreas fronteiriças que são alvo ucraniano.
Já em relação às perdas militares, o Ministério da Defesa russo apontou que Kiev sofreu baixa de mais de sete mil militares e 74 tanques de guerra após Moscou instalar uma “operação antiterrorista” para combater as tropas ucranianas nas regiões.
(*) Com Sputnik