A Coreia do Sul alegou que o governo da Rússia forneceu mísseis antiaéreos e equipamentos de defesa aérea à Coreia do Norte, em troca do envio de tropas que pudessem apoiar o exército de Moscou na guerra contra a Ucrânia. A constatação foi feita por Shin Won Sik, conselheiro de Segurança Nacional sul-coreano, nesta sexta-feira (22/11) em entrevista ao programa News Briefing da emissora nacional SBS.
“Entende-se que a Coreia do Norte recebeu [da Rússia] equipamentos relacionados e mísseis antiaéreos para fortalecer o seu vulnerável sistema de defesa aérea”, disse Shin, acrescentando que Pyongyang já obteve “várias formas de apoio econômico” e que, recentemente, “estão chegando tecnologias relacionadas a satélites de reconhecimento”. Nesse sentido, não podendo “descartar o envio adicional de tropas” à Rússia.
Questionado sobre um possível respaldo sul-coreano à Ucrânia por meio do fornecimento de “armas letais”, a autoridade sul-coreana assegurou que o governo de Yoon Suk Yeol “responderá passo por passo” conforme Pyongyang for enviando seus soldados a Moscou.
De acordo com a agência de notícias local Yonhap, um dos principais motivos que levaram o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a permitir o uso de mísseis de longo alcance na Ucrânia teria sido justamente a mobilização das tropas norte-coreanas no território russo. Embora o governo norte-americano tivesse resistido diversas vezes ao pedido do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky de fornecer mísseis ATACMS, a Casa Branca, desta vez, haveria “cedido” em função da “decisão da Rússia de enviar soldados norte-coreanos para Kursk”.
Vale lembrar que, em outubro, Moscou ratificou um pacto de defesa mútua com Pyongyang. O artigo quarto do Tratado de Parceria Estratégica Abrangente estabelece que se uma das partes for atacada por outro Estado ou por vários países, e estiver em estado de guerra, a outra parte prestará imediatamente assistência militar ou ajuda por todos os meios disponíveis.
Nesta semana, o Serviço Nacional de Inteligência da Coreia do Sul informou aos legisladores a possibilidade de que as tropas norte-coreanas enviadas para a Rússia já tenham entrado em combate. A agência de inteligência ainda relatou que, desde agosto de 2023, Pyongyang enviou mais de 13 mil contêineres de artilharia, mísseis e outras armas convencionais para Moscou.