Trump telefona para Putin em meio à ‘frustração’ sobre Ucrânia, afirma Washington

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, telefonou nesta segunda-feira (19/05) para seu homólogo russo, Vladimir Putin, em meio às conversas para um cessar-fogo na guerra na Ucrânia.

Segundo uma publicação do republicano na rede social Truth, a conversa estava marcada para às 17h de Moscou (11h no horário de Brasília). O presidente norte-americano afirmou que pretendia discutir a questão do acordo com a Ucrânia.

Segundo o vice-presidente norte americano, J.D. Vance, Trump pretendia conversar com Putin porque os Estados Unidos sentem que as negociações com a Ucrânia “chegaram a um impasse”. Antes deste contato, a conversa telefônica mais recente entre Putin e Trump havia ocorrido em 18 de março.

Já a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, garantiu que “certamente” o republicano “está aberto a um encontro pessoal” com Putin.

“O objetivo do presidente é um cessar-fogo imediato”, acrescentou Leavitt. Segundo ela, sanções secundárias contra a Rússia devido à guerra na Ucrânia são “uma opção que continua sobre a mesa”.

Quando questionada sobre o status do pacote de sanções secundárias sobre o qual o presidente vem falando, ela respondeu: “Acho que tudo está sobre a mesa. Sim. E, novamente, não vou me antecipar ao presidente em nenhum compromisso ou decisão, mas certamente é algo que ele vem analisando e discutindo.”

“Ele [o presidente Trump] deixou claro para ambos os lados que deseja uma resolução pacífica, um cessar-fogo, o mais rápido possível. E ele está cansado e frustrado com ambos os lados do conflito. O presidente e sua equipe se esforçaram enormemente para resolver esta guerra tão complicada que, mais uma vez, começou devido à fraqueza do governo anterior [de Joe Biden]”, acrescentou a representante.

Por sua vez, enquanto os líderes de Washington e Moscou conversavam, o Kremlin, sede da Presidência russa, declarou que “não está previsto” nenhum encontro entre eles no momento.

Segundo o porta-voz presidencial russo, Dmitry Peskov, o encontro entre os presidentes “depende dos termos que os líderes decidirem”. “Os dois presidentes tomarão as decisões”, disse Peskov.

A autoridade ainda enfatizou que a reunião precisa ser cuidadosamente preparada, enquanto “suas equipes se ajustarão aos termos que eles próprios designarem”. Ao mesmo tempo, enfatizou que “a reunião deve ser produtiva”. “Para ser eficaz, é preciso estar bem preparado”, resumiu.

Anteriormente, Trump afirmou, durante visita aos Emirados Árabes Unidos, que pretende se reunir com o presidente Vladimir Putin assim que puder organizar tal encontro.

Negociações

De acordo com a imprensa internacional, antes de telefonar para Putin, Trump teria ligado para o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que busca um “cessar-fogo total e incondicional” em seu país.

No último domingo (18/05), Zelensky se encontrou com o vice de Trump, J.D Vance, em Roma, na Itália, à margem da posse do papa Leão XIV. Na ocasião, eles discutiram o telefonema agendado para hoje entre os mandatários norte-americano e russo.

“Entendemos que há um certo impasse aqui e acho que o presidente perguntará a Putin se ele está falando sério” nas negociações, disse Vance, de acordo com a imprensa.

Em 16 de maio, foram realizadas negociações entre a Rússia e a Ucrânia em Istambul, na Turquia. Após a reunião, Moscou e Kiev concordaram em trocar mil prisioneiros de guerra, apresentar seu conceito de um possível cessar-fogo futuro, descrevendo-o em detalhes, e dar continuidade ao processo de negociação. O assessor presidencial russo, Vladimir Medinsky, que liderou a delegação russa nas negociações de Istambul, afirmou que o lado russo estava satisfeito com o resultado das negociações.

Segundo a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, em comentários sobre o resultado da reunião na Turquia, Moscou segue a posição estabelecida por Putin em junho de 2024 para as negociações com Kiev.

Segundo a diplomata, Moscou demonstra uma posição responsável, baseada no direito internacional, nos interesses do país e na estabilidade e segurança de toda a região. A porta-voz afirmou que o regime de Kiev, por outro lado, tem mudado de posição com frequência.

“Isso ficou evidente até mesmo nas negociações de Istambul: uma coisa pela manhã, outra à noite e outra ainda na manhã seguinte, e é assim o tempo todo”, disse Zakharova.

Em junho de 2024, Putin estabeleceu as condições para as negociações com a Ucrânia, que incluíam a retirada das tropas ucranianas de Donbass e Novorossiya, o fim das aspirações de Kiev de se juntar à OTAN, a suspensão de todas as sanções ocidentais contra Moscou e o compromisso da Ucrânia de manter um status não alinhado e livre de armas nucleares, respeitando integralmente os direitos, liberdades e interesses de seus cidadãos de língua russa.

Já segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, citado pela agência Ria Novosti, “as negociações para alcançar a paz na Ucrânia serão “minuciosas e, talvez, de longo prazo”, enfatizando que “um grande número de nuances” terão que ser discutidas, e a Rússia “está pronta para esse trabalho”.

Comentando a ligação entre Putin e Trump, Peskov disse que a conversa prosseguiu com base nos resultados das negociações em Istambul.

“A conversa é importante, levando em conta as negociações realizadas em Istambul”, disse Peskov. “Quanto às negociações, nós [no Kremlin] já dissemos tudo o que podíamos, enfatizamos os pontos básicos”, acrescentou. “Agora vamos aguardar. Forneceremos o máximo de informações possível com base nos resultados da conversa”, afirmou.

(*) Com Ansa e TASS