A Força Aérea da Ucrânia declarou nesta quinta-feira (21/11) que a Rússia realizou um ataque contra a Ucrânia usando um míssil balístico intercontinental lançado da região de Astrakhan. Se a informação for confirmada, será o primeiro ataque com esse tipo de armamento desde o início da guerra.
De acordo com o comunicado, a cidade ucraniana de Dnipro foi atacada por vários tipos de mísseis, que tinham como alvo empresas e infraestruturas. Entre eles, um míssil balístico Kinzhal, além de sete mísseis de cruzeiro Kh-101.
Até o momento, não há informações sobre mortos, e duas pessoas ficaram feridas. Segundo o governador regional Serhiy Lysak, citado pela imprensa local, o ataque causou danos a uma empresa industrial e desencadeou incêndios na cidade que fica no centro-leste do país.
Posteriormente, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que está em andamento uma investigação sobre o suposto lançamento do míssil contra seu país.
Os militares ucranianos não forneceram quaisquer outros detalhes. De acordo com o comunicado da Força Aérea Ucraniana, os sistemas de defesa aérea abateram seis mísseis Kh-101 foram abatidos e os restantes “não causaram consequências significativas”.
O Ministério da Defesa russo também não comentou as informações sobre o ataque com mísseis na cidade de Dnipro. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, no meio de um briefing à imprensa nesta quinta-feira (21/11), recebeu uma ligação na qual se pôde identificar que ela foi solicitada a não comentar as declarações sobre o míssil balístico intercontinental. Ela atendeu a ligação em frente ao microfone ligado. A cena está disponível no vídeo completo do briefing, divulgado pela chancelaria russa.
Após a coletiva, ao ser perguntada pelos jornalistas sobre a ligação, Zakharova explicou: “Antes da coletiva, houve perguntas relacionadas a materiais conflitantes na Internet. Perguntei aos especialistas se esse é um assunto nosso. A resposta veio durante o briefing: o Ministério das Relações Exteriores não comenta”.
Escalada da guerra
O suposto uso de armamentos inéditos na guerra da Ucrânia por parte da Rússia surge em meio à notícia de que os EUA, depois de meses de espera por Kiev, autorizaram a Ucrânia a atacar a Rússia com mísseis norte-americanos de longo alcance. Moscou classificou a decisão como uma “nova rodada de tensão”.
Na última terça-feira (19/11), o Ministério da Defesa russo confirmou que as Forças Armadas Ucranianas lançaram um ataque com seis mísseis balísticos ATACMS contra uma instalação na região de Bryansk.
Paralelamente, o presidente russo, Vladimir Putin, aprovou na terça-feira (19/11) a nova doutrina nuclear atualizada da Rússia. O documento afirma que a Rússia se reserva o direito de usar armas nucleares em resposta ao uso de armas de destruição em massa contra o país ou seus aliados. Na prática, a ideia implica em uma flexibilização dos termos que possibilitam um ataque nuclear por parte da Rússia.
(*) Com Ansa e Brasil de Fato