Ucrânia avança em acordo de minerais e busca apoio dos EUA na guerra contra Rússia
Kiev anunciou ter assinado um memorando para formalizar tratado com Washington e espera concluir negociações sobre concessão de recursos naturais até 26 de abril
A Ucrânia afirmou nesta sexta-feira (18/04) que espera concluir as negociações técnicas com os Estados Unidos até o final da próxima semana para um acordo sobre minerais. Autoridades do país esperam que tal acordo contribua para fortalecer o apoio de Washington na guerra contra a Rússia.
Kiev anunciou na noite de quinta-feira (17/04) a assinatura de um memorando que marca o primeiro passo para a formalização do acordo.
Embora os termos ainda não tenham sido definidos, Washington indicou que espera obter acesso privilegiado aos recursos naturais da Ucrânia em retribuição ao apoio militar fornecido desde o início do conflito, em 2022.
A assinatura do memorando representa um avanço significativo na reconstrução dos laços entre Kiev e Washington, que foram abalados em fevereiro, durante uma tentativa anterior de acordo. Na ocasião, uma reunião no Salão Oval entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, transformou-se em uma discussão acalorada diante das câmeras de televisão do mundo todo.
“Temos o prazer de anunciar a assinatura com nossos parceiros americanos”, declarou a ministra da Economia da Ucrânia, Yulia Sviridenko.
Segundo ela, o documento “testemunha o trabalho conjunto construtivo de nossas equipes e a intenção de finalizar e concluir um acordo que será benéfico para ambos os povos”.
O memorando assinado na quinta-feira abre caminho para uma parceria econômica e para a criação de um fundo de investimento voltado à reconstrução da Ucrânia, acrescentou a ministra.
De acordo com o texto publicado nesta sexta-feira pelo governo ucraniano, o objetivo de ambas as partes é concluir as discussões sobre o acordo final até 26 de abril e assiná-lo logo em seguida.
O memorando também estipula que o primeiro-ministro ucraniano, Denis Shmihal, viajará para Washington no início da próxima semana para se reunir com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, e avançar nas negociações.
O documento não detalha os termos específicos do acordo, incluindo o nível de acesso concedido aos Estados Unidos e a quantia de receita que Washington poderia receber.
“Este é um protocolo de intenções. E temos intenções positivas e construtivas”, afirmou Zelensky a repórteres em Kiev.

A Ucrânia afirmou nesta sexta-feira (18/04) que espera concluir as negociações técnicas com os Estados Unidos até o final da próxima semana para um acordo sobre minerais
Nova rodada de negociações marcada para 24 de abril
O vice-ministro ucraniano da Economia, Taras Kachka, declarou que Ucrânia e EUA iniciarão uma nova rodada de negociações sobre o acordo de minerais em 24 de abril.
“Temos um acordo sobre minerais que espero que seja assinado na quinta-feira”, disse Donald Trump a repórteres.
“Ainda estamos trabalhando nos detalhes”, acrescentou o secretário do Tesouro, Scott Bessent, que acompanhava o presidente dos EUA no Salão Oval. Ele afirmou que a assinatura pode ocorrer na próxima sexta-feira (25/04).
A Casa Branca não respondeu aos pedidos de esclarecimento sobre o conteúdo do acordo.
Na semana passada, uma delegação ucraniana viajou a Washington para novas negociações após os Estados Unidos proporem um acordo mais amplo.
Segundo uma fonte próxima às negociações, o acordo proposto concederia aos EUA acesso privilegiado aos depósitos minerais ucranianos e exigiria que Kiev destinasse todas as receitas obtidas com a exploração de recursos naturais – por empresas privadas e pelo governo ucraniano – para um fundo de investimento conjunto.
O rascunho do acordo inclui os depósitos minerais e a infraestrutura de trânsito de gás natural da Ucrânia, acrescentou a fonte. No entanto, não contempla garantias de segurança aos EUA, uma prioridade máxima para Kiev.
A Ucrânia possui depósitos significativos de recursos naturais, incluindo terras raras, altamente valorizadas para o setor de eletrônicos, além de grafite, lítio, titânio, urânio e outros minerais estratégicos.
