A Ucrânia prossegue nesta sexta-feira (09/08) com uma grande incursão em território russo, com uso massivo de drones. As forças ucranianas reivindicaram um ataque a um aeródromo militar na Rússia, a mais de 300 km da fronteira entre os dois países.
A ofensiva ucraniana na região de Kursk nos últimos dias parece ser o ataque mais significativo em solo russo desde que a guerra na Ucrânia começou em 2022. Ela envolveu cerca de 1.000 tropas e mais de duas dezenas de veículos blindados e tanques, conforme o Exército russo.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse em seu discurso na noite de quinta-feira (08/08) que a Rússia precisava “sentir” as consequências de sua invasão. “A Rússia trouxe a guerra para o nosso país e deve sentir o que fez”, disse Zelensky.
Na madrugada de sexta-feira, as agências de notícias oficiais russas TASS e RIA Novosti relataram um incêndio em um aeródromo militar na região de Lipetsk, citando autoridades locais.
O governador regional Igor Artamonov anunciou pelo Telegram, por volta das 3h da manhã, no horário local, que Lipetsk havia “sido submetida a um ataque massivo de UAVs (veículos aéreos não tripulados)”, acrescentando mais tarde que uma instalação de energia local fora danificada.
Em uma mensagem posterior, Artamonov pediu aos residentes que ignorassem os apelos nas redes sociais para que deixassem Lipetsk – dizendo que foram “espalhados pelo inimigo para semear pânico” – apenas para reverter sua posição menos de uma hora depois.
“Para eliminar as consequências da detonação de objetos explosivos, foi introduzido um estado de emergência no distrito municipal de Lipetsk”, disse ele em uma postagem por volta das 4h da manhã, listando ordens de evacuação para quatro localidades nos arredores da cidade de Lipetsk. “Locais de acomodação temporária e transporte estão sendo preparados”, acrescentou.
Artamonov disse que relatos preliminares sugerem que pelo menos seis pessoas ficaram feridas como resultado do ataque. Ele anunciou mais tarde, por volta das 7h da manhã, que o nível de ameaça vermelha para a cidade havia sido suspenso.
O Ministério da Defesa da Rússia disse que suas forças derrubaram 75 drones ucranianos durante a noite, incluindo 26 na região de Belgorod, que faz fronteira com a Ucrânia, 19 sobre Lipetsk, sete sobre Kursk e 13 sobre a península anexada da Crimeia e o Mar Negro circundante.
Sete drones navais a caminho da Crimeia também foram destruídos, acrescentou.
Avanços transfronteiriços
A cidade de Lipetsk fica a cerca de 330 quilômetros da fronteira ucraniana com a região russa de Kursk, onde forças pró-Kiev há dias estão travando uma ofensiva em território russo.
O Instituto para o Estudo da Guerra, com sede nos EUA, disse que a Ucrânia teve ganhos territoriais significativos desde o início da ofensiva na terça-feira (06/08).
“Imagens de geolocalização e alegações russas indicam que as forças ucranianas continuaram a avançar rapidamente mais para dentro do Oblast de Kursk em 8 de agosto (quinta-feira), e as forças ucranianas estão supostamente presentes em áreas a até 35 quilômetros da fronteira internacional com o Oblast de Sumy” na Ucrânia, disse o instituto em sua avaliação diária da campanha.
No entanto, alertou que as forças ucranianas “certamente não controlam” todo esse território.
O Ministério da Defesa da Rússia disse na quinta-feira que suas tropas estavam “continuando a destruir” unidades armadas ucranianas e estavam usando ataques aéreos, foguetes e fogo de artilharia para tentar rechaçá-las.
O Ministério disse que havia enviado tropas reservas e estava “frustrando tentativas de avanços” mais profundos em Kursk.
O presidente russo, Vladimir Putin, chamou a incursão de “provocação em larga escala” por parte de Kiev, e o principal general da Rússia prometeu na quarta-feira (07/08) aniquilar o avanço ucraniano.
O Departamento de Estado dos Estados Unidos expressou apoio a Kiev sem citar diretamente a operação.