Nesta quinta-feira (15/08), a presidência ucraniana descreveu como “absurdo absoluto” o texto do Wall Street Journal dos Estados Unidos que implicou a Ucrânia na sabotagem, em 2022, dos gasodutos russos Nord Stream que cruzam o mar Báltico.
Segundo o jornal, a sabotagem do gasoduto russo Nord Stream teria sido aprovada no mais alto nível em Kiev, incluindo inicialmente o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. “O envolvimento da Ucrânia nas explosões do Nord Stream é um absurdo absoluto. Essas ações não tinham nenhum interesse prático para a Ucrânia”, disse o conselheiro presidencial Mykhailo Podoliak à AFP, reagindo ao relato da publicação.
De acordo com o jornal norte americano, que se baseia especialmente em fontes militares ucranianas, o ataque explosivo nas profundezas do mar Báltico foi realizado sob a supervisão do comandante-chefe do Exército ucraniano na época, Valery Zaloujny, apesar de uma mudança de planos de Volodymyr Zelensky, que havia pedido a suspensão do projeto.
Esses relatos da imprensa vêm na esteira das revelações de que a investigação judicial alemã sobre a sabotagem está se concentrando na Ucrânia, com um mandado emitido recentemente para a prisão de um mergulhador profissional do país.
A ideia da sabotagem surgiu em maio de 2022, em uma reunião de oficiais ucranianos, altos escalões e líderes empresariais, três meses após a invasão russa na Ucrânia, detalhou o Wall Street Journal. Segundo a reportagem, um total de seis pessoas estiveram diretamente envolvidas nessa operação, a um custo de cerca de US$ 300 mil (mais de R$ 1,6 milhão), tudo financiado por dinheiro privado.
Inteligência dos EUA teria tentado impedir ação de sabotagem
“O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky aprovou inicialmente o plano, de acordo com um oficial que estava envolvido e três que tinham conhecimento dele”, acusa o jornal norte-americano. “Mas depois, quando a CIA ficou sabendo e pediu para interromper a operação, ele ordenou que fosse interrompida”, continua.
No entanto, Valery Zaloujny, comandante-chefe do Exército ucraniano na época, ignorou essa ordem e sua equipe modificou o plano inicial, acrescenta o jornal.
Zaloujny, que desde então foi nomeado embaixador da Ucrânia em Londres, disse em uma troca de mensagens por escrito que não tinha conhecimento de tal operação e descreveu qualquer alegação em contrário como uma “provocação”.
Após a sabotagem do gasoduto russo em setembro de 2022, Zelensky pediu uma explicação a Zaloujny, de acordo com a publicação, que teria respondido ao presidente ucraniano que era tarde demais. “É como um torpedo, uma vez que você o lança contra o inimigo, você não pode recuperá-lo, ele continua até explodir”, descreveu uma fonte do jornal.
A mídia alemã, que revelou o recente progresso da investigação judicial, é muito mais cautelosa quanto ao envolvimento de autoridades ucranianas de alto escalão e tende, pelo contrário, a exonerar o presidente Zelensky.
O semanário Der Spiegel, por outro lado, menciona o possível envolvimento de Valery Zaloujny.
Ucrânia estabeleceu uma administração militar na região russa de Kursk
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse também na quinta-feira que suas forças assumiram o controle total da cidade russa de Soudja, na região de Kursk, palco de uma ofensiva surpresa de Kiev por mais de uma semana.
O comandante do Exército ucraniano, Oleksandre “Syrsky, informou a conclusão da libertação da cidade de Soudja das mãos dos militares russos”, disse Zelensky no Telegram. Essa cidade de 5.500 habitantes representa a principal conquista das forças ucranianas como parte de sua ofensiva em Kursk.
Esta região russa tem sido palco de uma ofensiva surpresa do Exército ucraniano desde 6 de agosto. As forças de Kiev teriam a intenção de se estabelecerem a longo prazo na localidade, já que sua estrutura militar é responsável pelos negócios e pela logística do dia a dia do Exército, além de garantir a segurança em determinadas áreas.