Zelensky critica propostas de paz de China e Brasil em discurso na ONU
Em fala na 79ª Assembleia Geral, nesta quarta-feira (25/09), presidente rejeitou proposta dos países ao afirmar que 'não pode haver paz justa sem a Ucrânia'
Em fala na 79ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta quarta-feira (25/09), o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, teceu uma série de críticas voltadas a propostas de paz apresentadas por países como China e Brasil.
Segundo ele, tais iniciativas “ignoram” o sofrimento do povo ucraniano, e ofereceriam espaço político para que o presidente russo, Vladimir Putin, prolongasse o conflito.
“Quando alguns propõem alternativas, planos de solução meia-boca, chamados de conjuntos de princípios — isso não apenas ignora os interesses e o sofrimento dos ucranianos, que são os mais afetados pela guerra, como também ignora a realidade, dando a Putin espaço político para continuar a guerra e pressionar o mundo para trazer mais nações sob controle”, afirmou o ucraniano, que não citou diretamente as nações envolvidas.
A China e o Brasil têm tentado apresentar propostas de paz. Para Zelensky, as iniciativas representam esforços de alcançar uma pausa no conflito, e não um término definitivo. Ele ainda especulou que qualquer tentativa paralela ou alternativa de buscar paz seria, na verdade, uma tentativa de alcançar uma “trégua” temporária, ao invés de uma solução definitiva para o conflito.
O presidente ucraniano também sugeriu que os governos que apoiam as propostas estariam alinhados com o que Putin deseja. “Se alguém no mundo busca alternativas a qualquer um desses pontos, ou tenta ignorar qualquer um deles, isso provavelmente significa que eles mesmos querem fazer uma parte do que Putin está fazendo. O ponto que ignoram revela o desejo que estão escondendo”, declarou.

Volodymyr Zelensky, presidente ucraniano que direcionou críticas às propostas de paz apresentadas por países como China e Brasil
Depois, falou especificamente de Brasil e China no processo de mediação. Segundo ele, essas iniciativas estariam sendo amplificadas por vozes da Europa e da África, aumentando dúvidas sobre as intenções desses países em relação à Ucrânia. “E quando o duo China-Brasil tenta crescer em um coro de vozes, com alguém na Europa, com alguém na África dizendo algo alternativo a uma paz plena e justa, a pergunta que surge é: qual é o verdadeiro interesse?”.
Ele também argumentou que Putin busca formas alternativas de “quebrar o espírito ucraniano”, atacando infraestruturas, como plantas de energia e instalações nucleares. “Desde que a Rússia não consegue derrotar a resistência do nosso povo no campo de batalha, Putin está procurando outras formas de quebrar o espírito ucraniano”, afirmou.
O líder ainda especulou sobre os riscos que o conflito apresenta para os vizinhos da Rússia, tanto na Europa quanto na Ásia Central. “Cada vizinho da Rússia na Europa e na Ásia Central sente que a guerra poderia chegar até eles também”, declarou.
Além disso, o ucraniano criticou o funcionamento do Conselho de Segurança da ONU, afirmando que há dificuldade em resolver questões de guerra e paz quando o veto de membros permanentes, como a Rússia, paralisaria as ações do órgão.
“A paz é necessária, e deve ser uma paz real e justa. Infelizmente, na ONU, é impossível verdadeiramente e firmemente resolver questões de guerra e paz, porque muito depende do poder de veto no Conselho de Segurança. Quando o agressor exerce o poder de veto, a ONU fica impotente para parar a guerra”, disse.
Ao concluir, Zelensky reafirmou sua visão de que qualquer paz que não envolva a Ucrânia seria injusta. Ele destacou que todos os líderes que apoiam seu país compreendem as ambições territoriais da Rússia, as quais chamou de “insanas”, e criticou os esforços russos. “É por isso que dizemos que não pode haver paz justa sem a Ucrânia”, afirmou.
