Zelensky propõe encontro com Trump e Putin; Rússia insiste em reunião após acordos
Líder de Kiev disse estar ‘pronto', e Moscou fala em possibilidade como ‘resultado de negociações’
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, propôs nesta quarta-feira (28/05) a realização de um encontro com seus homólogos norte-americano, Donald Trump, e russo, Vladimir Putin, a fim de forçar Moscou a aceitar um cessar-fogo.
“Se Putin não se sente confortável com uma reunião bilateral, ou se todos quiserem que seja uma cúpula trilateral, não me importo. Estou pronto para qualquer formato”, declarou o mandatário.
O líder ucraniano também acrescentou que “gostaria muito” que Trump impusesse um pacote de sanções mais rígidas aos setores bancário e energético da Rússia em resposta à onda de ataques aéreos realizados por Moscou nos últimos dias, como o bombardeio do último domingo (25/05).
Em resposta a Kiev, o Kremlin afirmou “não ser contrário à possibilidade de um encontro entre Putin e Zelensky”, mas frisou que tal reunião deverá acontecer “após a realização de acordos específicos entre as duas delegações em vários âmbitos”.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, detalhou que um encontro pessoal entre Putin e Zelensky é possível, mas “deve ser o resultado de negociações entre Moscou e Kiev sobre diversas questões”.
A delegação ucraniana havia insistido anteriormente que Putin se reunisse com Zelensky durante as negociações em Istambul. Imediatamente após o encontro na Turquia, o porta-voz do Kremlin enfatizou que tais contatos seriam possíveis se as delegações dos dois países chegassem a certos acordos. Ele também observou que um possível encontro entre Putin e Zelensky não resolveria a questão fundamental de quem estaria autorizado a assinar documentos do lado ucraniano, uma vez que os poderes de Zelensky como presidente ucraniano expiraram.
Novas negociações
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, detalhou também nesta quarta-feira (28/05) que na eventual nova rodada de negociações, Moscou insistirá a abolição de todas as leis discriminatórias em vigor na Ucrânia, referindo-se à legislações que proíbem a língua, cultura, tradições e mídia russas na Ucrânia.

Volodymyr Zelenskyy/X
“Quando essas negociações foram retomadas em Istambul em 16 de maio, exigimos a abolição de todas essas leis discriminatórias e continuaremos a fazê-lo na próxima rodada de negociações diretas, a ser anunciada em breve”, disse o principal diplomata russo.
“No ano passado, foi adotada uma lei que proíbe a Ortodoxia canônica, a Igreja Ortodoxa Ucraniana canônica”, continuou. “Portanto, mais um princípio fundamental da Carta da ONU foi gravemente violado, de que todos os países devem garantir os direitos humanos, independentemente de raça, gênero, língua ou religião”, explicou.
Além disso, o chanceler russo sublinhou que a restauração do status neutro, não alinhado e não nuclear da Ucrânia é uma das condições da Rússia para resolução do conflito.
Campo de batalha
Segundo comunicado do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) emitido na última terça-feira (27/05), nos últimos três dias, ao menos três crianças morreram e outras 13 ficaram feridas na Ucrânia diante da intensificação dos ataques russos.
“De janeiro a abril de 2025, de acordo com dados das Nações Unidas, mais de 220 menores foram mortos ou feridos nos bombardeios [em território ucraniano], um aumento de cerca de 40% em relação ao mesmo período do ano passado”, disse o Unicef.
Nesta manhã, a aeronáutica militar de Kiev informou que as forças de Moscou atacaram o país durante a noite com seis mísseis e 88 drones de vários tipos.
Já Zelensky alertou que a Rússia está enviando “mais de 50 mil soldados” para as linhas de frente ao redor da região ucraniana de Sumy, na fronteira entre os países, onde os militares de Moscou capturaram vários assentamentos em uma tentativa de estabelecer uma “zona-tampão” dentro da Ucrânia.
(*) Com Ansa, Sputnik e Tass
