O presidente da Síria, Bashar al-Assad, que foi deposto após grupos extremistas avançarem sobre a capital Damasco neste domingo (08/12), chegou com sua família a Moscou, informou a agência de notícias russa Ria Novosti, citando uma fonte do Kremlin.
“A Rússia, com base em considerações humanitárias, forneceu asilo político a Assad e seus familiares”, informou a agência.
Segundo a Sputnik, a falta de diálogo entre as forças da região teria sido um dos fatores que fez com que o agora ex-líder sírio deixasse sua nação em prol de sua vida.
“A Rússia sempre apoiou a busca por uma solução política para resolver a crise síria. Partimos da necessidade de retomar as negociações sob os auspícios da ONU”, declarou uma fonte do Kremlin.
“As autoridades russas estão em contato com representantes da oposição armada síria, cujos líderes garantiram a segurança das bases militares russas e das instituições diplomáticas na Síria”, acrescentou a fonte. Segundo a agência, a Rússia “espera continuar o diálogo político em nome dos interesses do povo sírio e do desenvolvimento das relações bilaterais entre Moscou e Damasco“.
Anteriormente, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia informou que Assad negociou com os grupos extremistas que deixaria a Presidência e sairia do país. A declaração russa esclareceu parte do paradeiro de Assad, uma vez que era conhecida apenas a informação de que ele havia deixado a Síria.
“Como resultado das negociações entre Assad e vários participantes do conflito armado no território da Síria, ele decidiu renunciar à Presidência e deixou o país, instruindo uma transferência pacífica de poder”, disse o comunicado.
Queda de Assad após 24 anos no poder
Grupos extremistas armados da oposição síria lançaram uma ofensiva em larga escala contra tropas do governo nas províncias de Aleppo e Idlib em 27 de novembro. Em 7 de dezembro, os oponentes do presidente sírio Bashar Assad tomaram várias cidades grandes, incluindo Aleppo, Hama, Deir ez-Zor, Daraa e Homs. Na manhã deste domingo, eles entraram em Damasco e as tropas do governo se retiraram da cidade.
Após entrar em Damasco, inclusive interrompendo os aeroportos internacionais da capital e Aleppo e seus voos até 18 de dezembro, as forças extremistas dirigiram-se para o centro da cidade e assumiram o controle da estação pública de rádio e televisão.
Os rebeldes também “libertaram” a prisão militar vizinha de Sednaya, permitindo a saída de detidos que foram presos pelas forças de segurança durante o governo Assad.
Segundo o jornal al-Watan, de Doha, no Catar, os extremistas declararam a imposição de um toque de recolher em Damasco, das 16h no horário local (22h no horário de Brasília), até as 5h (11h no horário de Brasília). Os grupos não especificaram quando a medida seria suspensa.
A escalada fez com que milhares de cidadãos sírios começassem a cruzar a fronteira com o Líbano por meio de postos de controle ilegais, segundo o governador da província libanesa de Baalbek-Hermel, Bashir Khader, à Sputnik.
Transição de poder na Síria
Após os grupos extremistas avançarem sobre a capital da Síria, Damasco, e o governo do presidente Bashar al-Assad cair, o primeiro-ministro sírio, Mohammed Ghazi Al-Jalali, disse estar disposto a “estender a mão” à oposição e colaborar com a “liderança que será eleita pelo povo”.
Como autoridade política síria ainda em Damasco, juntamente com outros 18 ministros, o primeiro-ministro está interagindo com a liderança do grupo extremista, Hayat Tahrir al-Sham, líder das ofensivas em 27 de novembro que levaram à queda de Assad.
A Coalizão Nacional das Forças Revolucionárias e de Oposição Sírias declarou estar trabalhando na transferência de poder na Síria para um “órgão governamental de transição”.
“A Coalizão Nacional confirma à comunidade internacional que continua trabalhando para concluir a transferência de poder para um órgão governamental de transição com plenos poderes executivos, a fim de criar uma Síria livre, democrática e pluralista”, disse a coalizão em um comunicado à imprensa.
(*) Com Ansa, RIA Novosti, Sputnik, Sputnik Brasil e TASS