Dois conselheiros do presidente norte-americano Joe Biden estão a caminho de Israel nesta quarta-feira (30/10) para se encontrar com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e outras autoridades do país. Foi o que informou o jornal Times of Israel.
Segundo o jornal, a expectativa é que Brett McGurk, coordenador da Casa Branca para o Oriente Médio e Norte da África, e Amos Hochstein, enviado especial dos Estados Unidos, discutam com Israel a perspectiva de um cessar-fogo com o Hezbollah no Líbano. Nas últimas semanas, o grupo armado declarou algumas vezes que estava disposto a um cessar-fogo.
A reunião ocorre um dia após uma nova escalada dos ataques de Israel contra o território libanês e Gaza, com o bombardeio de edifícios residenciais e a morte de dezenas de civis, entre os quais mulheres e crianças. Foram 77 mortos no Líbano na terça-feira (29/10), além dos 144 de Gaza.
Sarafand e Haret Saida, perto de Sidon, foram dois dos alvos israelenses e registraram mulheres e crianças entre os 15 mortos. Israel informou que mais de 100 alvos foram atacados no sul do Líbano, sem nenhuma menção às vítimas civis.
Forças de paz atingidas
Mais uma vez, os bombardeios tiveram também como alvo as forças de paz da ONU no sul do Líbano. Um míssil atingiu a sede da Unifil em Naqoura, ferindo oito soldados austríacos.
Karl Nehammer, chanceler da Áustria, condenou o ataque “nos termos mais fortes possíveis” enquanto o Exército israelense atribuiu a agressão ao Hezbollah.
No Líbano, quase três mil pessoas morreram e 12.772 ficaram feridas em ataques israelenses desde o início da guerra em Gaza, sendo a maior parte deles só no último mês. O país tem ainda mais de 1,2 milhão de deslocados de suas casas.
Do lado de Israel, segundo a mídia desse país, 33 soldados foram mortos nos combates no sul do Líbano desde o início do mês.
Duas crianças mortas por dia no Líbano
Nas últimas cinco semanas, Israel matou uma média de duas crianças por dia no Líbano, denuncia a ONG Save the Children. Eles contabilizam mais de 100 vitimadas pelos bombardeios israelenses desde 23 de setembro, quando se intensificaram as hostilidades com o Hezbollah.
“Estamos vendo eventos com vítimas civis em massa, incluindo crianças, profissionais de saúde mortos em serviço, mais de 50 instalações de saúde bombardeadas, instalações da ONU atacadas e jornalistas alvejados”, disse Jennifer Moorehead, diretora nacional da ONG para o Líbano.
A crise humanitária, segundo a ONG, está afetando sobretudo as crianças. Além da centena de mortas, há muitas mais feridas, mutiladas e que perderam suas famílias. Elas também estão sem aula porque seis em cada 10 escolas públicas foram transformadas em abrigos para os deslocados.
“Cada dia longe da escola é uma ameaça crescente ao bem-estar físico e mental de longo prazo dessas crianças. Não há tempo a perder. Precisamos urgentemente de um cessar-fogo agora”, afirmou Moorehead.