Após o grupo extremista Hay’at Tahrir al-Sham (HTS) derrubar o governo do presidente da Síria, Bashar Al-Assad, no último domingo (08/12), os Estados Unidos reavaliam suas relações com seu líder, Abu Mohammad al-Jolani, considerado terrorista pelo governo norte-americano desde 2013.
Segundo o jornal Middle East Eye, citando uma alta autoridade árabe informada pelos norte-americanos, as autoridades do país consideram remover a recompensa de U$10 milhões pela sua vida após Jolani alcançar um feito desejável aos EUA há tantos anos: o fim do governo de Assad na Síria.
O HTS também é considerado como grupo terrorista pelo governo norte-americano desde 2018, sob a Presidência de Donald Trump. Desde então, a força de oposição síria fez diversos lobbies e apelos para retirar tal classificação, contudo, não teve sucesso.
“Mas o ataque relâmpago dos rebeldes, que viu o governo de Assad terminar de forma espetacular no domingo, forçou Washington a repensar como se relaciona com o antigo afiliado da Al-Qaeda”, cita o Middle East Eye.
Segundo a fonte do jornal, “as discussões [sobre retirar a recompensa de Jolani] dividiram funcionários na administração [do presidente Joe] Biden”. Os interesses norte-americanos no líder do HTS cresceram em especial após seu discurso de vitória, em que afirmou que “sob o governo de Assad, a Síria se tornou um lugar para ambições iranianas”, a mesma opinião norte-americana.
Por sua vez, após a queda de Assad, Biden afirmou que o feito do HTS era um “ato fundamental de justiça”, contudo “um momento de risco e incerteza” no Oriente Médio, porque “alguns dos grupos rebeldes que derrubaram Assad têm seu próprio histórico sombrio de terrorismo e abusos de direitos humanos e estão apenas “dizendo as coisas certas agora”.
“Mas, à medida que eles assumem maiores responsabilidades, avaliaremos não apenas suas palavras, mas suas ações”, disse Biden, representando uma reavaliação do status de terrorista imposto pelos EUA.
Já o jornal New York Times informou que as agências de inteligência dos EUA estavam “avaliando” Jolani após ter lançado o que chamaram de uma “ofensiva de charme com o objetivo de acalmar as preocupações sobre suas afiliações passadas”.
“Uma ofensiva de charme pode significar que as pessoas estão virando uma nova página e pensam diferente do que costumavam, então você deve ouvi-las. Por outro lado, você deve ser cauteloso porque as ofensivas de charme podem às vezes ser enganosas”, disse o oficial dos EUA ao jornal norte-americano.
“Temos que pensar sobre isso. Temos que observar o comportamento deles e precisamos fazer algumas mensagens indiretas e ver o que acontece”, acrescentou a autoridade.
Uma mudança no relacionamento entre os Estados Unidos e o HTS, em especial Jolani, poderia ser possível de acordo com as declarações caso Biden tivesse continuidade no governo.
Porém, em apenas cinco semanas Trump assume a Casa Branca e tem opiniões diferentes sobre a situação. Apesar de ter comentado a queda de Assad, o presidente eleito dos EUA apenas afirmou que o ex-presidente sírio caiu porque “perdeu apoio da Rússia”, preocupada no momento com a guerra na Ucrânia.
Trump acrescentou ainda que Washington “não deveria ter nada a ver com isso [Síria]”.