Os militares da Síria anunciaram neste sábado (30/11) uma “retirada temporária de tropas” em Aleppo, a segunda maior cidade do país localizada no noroeste, onde grupos rebeldes, pela primeira vez em anos, lançaram uma ofensiva surpresa contra posições controladas pelo governo de Bashar al-Assad.
De acordo com os militares, dezenas de seus soldados foram mortos ou feridos em batalhas com “organizações terroristas armadas” nas províncias de Aleppo e Idlib, nos dias anteriores. Acrescentaram que agora estão se reagrupando, redistribuindo tropas para fortalecer suas linhas de defesa enquanto preparam um “contra-ataque”.
Segundo a emissora catari Al Jazeera, a declaração dos militares marca o primeiro reconhecimento público das forças sírias de que combatentes da oposição liderados pelo grupo Hay’et Tahrir al-Shams (HTS, ou “Organização para a Libertação do Levante”) entraram em “grandes partes dos bairros” no “ataque relâmpago” que começou nesta semana. Ao todo, foram tomadas mais de 50 cidades e vilarejos no país árabe.
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (SOHR, na sigla em inglês), também reconheceu que o HTS e rebeldes aliados assumiram o controle de “vários bairros de Aleppo”. A organização, que tem sede no Reino Unido e monitora a situação de guerra no país, indicou que os insurgentes possuem em mãos “a maior parte” do município.
Enquanto isso, os governos do Irã e da Rússia estão prestando apoio ao Exército sírio.
Invasão a Aleppo
As primeiras movimentações começaram na quarta-feira (27/11), quando milhares de combatentes varreram aldeias e cidades no noroeste da Síria. Desde então, segundo o portal Middle East Eye, os rebeldes sírios avançaram pela zona rural de Aleppo, tomando cerca de 50 cidades e vilarejos, bem como um trecho da estratégica rodovia M5, cortando as rotas de abastecimento de Damasco. Já a invasão à cidade de Aleppo ocorreu na sexta-feira (29/11), de onde continuaram avançando em direção ao centro.
Ao veículo, os rebeldes relataram que a ofensiva se trata de uma resposta ao governo sírio em função de “ataques em áreas controladas pela oposição” nas províncias de Idlib e Aleppo.
“Nossos combatentes estão agora entrando na cidade de Aleppo para libertá-la de Bashar al-Assad e dos mercenários iranianos e devolvê-la às fileiras da revolução síria”, disse o comandante rebelde, tenente-coronel Hassan Abdul Ghani, ao Middle East Eye. “Asseguramos a todo o povo de Aleppo que seremos seus irmãos, protegendo-os dos abusos de Assad e do Irã, e vamos defendê-los com nossas almas”.
A ofensiva é liderada pelo HTS, enquanto outros grupos rebeldes, incluindo alguns apoiados pela Turquia, também podem estar envolvidos.
O Ministério da Defesa da Síria informou que suas forças que estão enfrentando um “ataque de grupos rebeldes” eliminaram “dezenas de inimigos”. De acordo com o SOHR, cerca de 250 combatentes e soldados foram mortos em ambos os lados desde o início da ofensiva.
(*) Com Ansa